01/11/2024
01/11/2024 16h41
Por Lívia Palmieri - Assessoria de Comunicação do Conasems
Lançado na quarta-feira (30/11), o curso Ser Gestor SUS – 2025 foi destaque no Seminário Ser Gestor SUS - Rede Conasems Cosems, promovido pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. A atividade reuniu a Rede de Apoio Conasems Cosems, em Brasília (DF) e encerrou-se nessa quinta-feira (31/11), com a equipe técnica da instituição detalhando, aula a aula, com o objetivo de incentivar os apoiadores a utilizarem essa ferramenta voltada à capacitação de profissionais que atuam no âmbito municipal do Sistema Único de Saúde (SUS).
O presidente do Conasems, Hisham Hamida, ressaltou que o momento é desafiador devido ao fim das gestões municipais e à alta rotatividade dos profissionais de saúde. “A nossa média gira em torno de 300 novos secretários municipais de saúde por mês”, comentou, destacando a resiliência do SUS. “Precisamos continuar fortalecendo, capacitando, qualificando e, acima de tudo, representando o SUS municipal”, completou.
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É nesse contexto que o curso Ser Gestor SUS se justifica. De acordo com a diretora financeira do Conasems, Cristiane Pantaleão, a instituição tem a vantagem na “proximidade com a ponta” e que, por isso, é capaz de “integrar o ensino e produzir bons cursos”. Ela contextualiza que todo o conteúdo que compõe a grade de 180h do Ser Gestor SUS – 2025 foi baseado na escuta feita com os trabalhadores do SUS.
“Essa escuta fez com que a gente conhecesse boas experiências que estão contidas no curso Ser Gestor”, comenta. A capacitação está organizada em três módulos: Gestor SUS; Modelos de Gestão e Atenção; e Regionalização e Governança na Saúde. Para esta edição, o Conasems desmembrou o conteúdo em teleaulas, livros digitais e materiais complementares. “Nós também podemos participar da formação do SUS que a gente quer”, chancela Cristiane.
Todos os detalhes técnicos do curso, que é autoinstrucional, foram apresentados pelo consultor técnico do Centro de Produção Audiovisual do Conasems, Antônio Jorge, e pelo assessor técnico da instituição Sylvio Andrade. Os assessores e consultores Alessandra Matias, Alessandro Chagas, Blenda Leite, Flávio Álvares, Joselisses Abel, Marcela Alvarenga, Márcia Pinheiro, Marcos Franco, Maria da Penha Marques Sapata, Michael Diana, Rodrigo Lacerda, e Rosangela Treichel, Rodrigo Lacerda, que participaram da construção e apresentação dos conteúdos, fizeram uma breve contextualização de cada uma das aulas.
Abertura
Na quarta-feira (30/11), durante a abertura do evento, a diretora do Departamento de Gestão Interfederativa e Participativa (DGIP) do Ministério da Saúde, Aila Vanessa David De Oliveira Sousa, salientou que “ser gestor é o que somos todos e o sendo estamos na condição boa de contribuir para que outros também se tornem bons gestores”.
Já o gerente executivo da Beneficência Portuguesa, Dante Gambardella, defendeu a importância de se trabalhar em rede. “A área da saúde continuará sendo, por muito tempo, uma artesania, intensivo em mão de obra, então não há outra maneira de se aprimorar as questões de saúde do país sem essa capilaridade que, em especial vocês aqui, conseguem conduzir no dia a dia próximo a 5570 municípios.”
O auditor-chefe da AudSaúde do Tribunal de Contas da União (TCU), Marcelo Aragão, também observou o papel da rede de Apoio Conasems/Cosems, como “fundamental para a gestão e melhoria da governança”.
Saúde Redes
Outra iniciativa que foi debatida durante o encontro dos apoiadores foi o projeto Saúde Redes, proposto pelo Conasems no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS). O objetivo central é oferecer apoio técnico, a partir da qualificação das ações de gestão do cuidado, com foco no fortalecimento e consolidação do processo de regionalização.
“É algo inovador e nós temos a consciência de que se a gente não conseguir inovar, a gente não avança”, declarou o presidente do Conasems. Até o momento, foram contemplados municípios de pequeno porte de quatro regiões de saúde compostas, predominantemente, por municípios de até 40 mil habitantes dos seguintes estados: Acre, Mato Grosso, Minas Gerais e Paraíba.
O coordenador de Desenvolvimento Institucional do Conasems, Nilo Bretas, adiantou que será criado um grupo de trabalho para discutir essa estratégia de “transformar esse projeto que é um carro chefe do Conasems em uma política pública”. Hamida pontuou, ainda, o diferencial da iniciativa ao respeitar a autonomia do território ao priorizar as demandas elencadas pelos técnicos e gestores da localidade.
Segundo o presidente, justamente por isso, tem o potencial de mudar a realidade da saúde municipal. “O Conasems tem apostado nessa institucionalização do Saúde Redes e transformar esse projeto em uma política de fato, que represente a necessidade de saúde dos 5570 municípios brasileiros, respeitando a particularidade de cada um”, justificou.
Ajucilene Gonçalves Mota, presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Acre (Cosems-AC) ressaltou o papel do apoiador da região na implementação do Saúde Redes. Segundo ela, foi importante para mobilizar os gestores e até mesmo os governantes municipais. “Todos os prefeitos participaram, então foi um momento único”, declarou.
Marcos Franco, consultor do Conasems, se referiu ao Saúde Redes como uma iniciativa que reflete aquilo que foi a reforma sanitária brasileira e na busca pela autonomia da gestão municipal. “Saímos de um processo centralizado dizendo que a realidade é outra e aí a reforma apontou para essa necessidade”, disse ao relacionar a iniciativa do Conasems à construção de respostas às necessidades de saúde do território.
Rede de Apoiadores
Ao destrinchar as iniciativas Ser Gestor SUS e Saúde Redes, o Seminário proporcionou reflexões o papel dos apoiadores, tanto no fortalecimento e autonomia da gestão municipal da saúde quanto da governança regional e implementações das políticas públicas de saúde no Brasil.
Fátima Ali, coordenadora geral de Planejamento do Departamento de Gestão Interfederativa e Participativa do Ministério da Saúde, falou sobre as dificuldades no processo de regionalização das diretrizes organizativas do SUS. Ela lembrou as características continentais do Brasil, com 433 regiões de saúde, 120 macrorregiões de saúde e 5.570 municípios.
Nesse contexto, Fátima destacou a importância de fortalecer essas regiões e macrorregiões a partir do resgate da Comissão Intergestores Regional (CIR). “É lá que vai se definir, se decidir, o que tem de necessidade de saúde naquele território, mas é lá também que se darão as pactuações políticas relacionadas a isso”, falou.
Verônica Savatin Wottrich, 2ª vice-presidente Regional - Centro Oeste do Conasems, comentou que o papel dos apoiadores é de levar informações aos gestores. “Hoje, nós temos gestores que não conseguem identificar do que a população dele adoece e morre”, afirmou. “É nesse processo que vocês, que estão junto dos 5.570 secretários municipais de saúde desse território, são de fundamental importância para levar a informação e fazer com que ele reflita”, concluiu.
Para Eduardo Gonçalves, assessor técnico de Gestão e Apoio da Beneficência Portuguesa, o apoiador carrega consigo as memórias do território e defende que isso é importante, principalmente em períodos como o encerramento das gestões. “Em rede, conseguimos garantir minimamente o subsídio material e humano para a potencialização da função gestora e, consequentemente, a sustentabilidade do território a consolidação do SUS. O apoiador atua como ser inconformado na vigilância gestora do SUS”.
O encerramento do evento foi com uma palestra sobre Comunicação Assertiva, ministrada pela superintendente da Escola de Saúde de Goiás, Rafaela Veronezi.
Para a coordenadora Nacional do Apoio – Rede Conasems Cosems, Viviane Betanin Lima (foto acima, à esquerda), o saldo do seminário foi positivo, com a reunião de todos os 240 apoiadores e 26 coordenadores. Ela destaca que foi um momento de aprendizado e de trocas de experiências, além de um espaço de empoderamento ao detalhar o curso Ser Gestor SUS e promover o alinhamento institucional a partir da agenda para 2025.
“A gente entende que isso vai fortalecer a ação de acolhimento aos gestores no início do ano que vem. Ao mesmo tempo em que a gente qualifica os próprios apoiadores, disponibilizando conteúdo para que se aprimorem, o conteúdo técnico do Ser Gestor SUS também pode ser utilizado como apoio aos gestores em espaços de governança, como as CIR”, declarou.
O próximo encontro da Rede de Apoio Conasems/Cosems será durante o XXXVVIII Congresso do Conasems, em Belo Horizonte (MG), de 15 a 18 de junho de 2025.