Apresentação/Introdução
Sorriso apresenta uma série histórica, acima do pactuado e do estipulado como aceitável pelo Ministério da Saúde que é de 1% de mortalidade infantil, óbitos de crianças abaixo de 1 ano. Pormenorizando essa informação, no último quadrimestre de 2020 foram registrados 11 óbitos infantis, desses 54% considerados neonatal precoce, antes do 6º dia de vida e 72% prematuros, ocorridos antes da 37ª semana gestacional. Com objetivo de implantar a alta responsável e consequentemente analisar, prevenir esses óbitos, melhorar a qualidade do pré- natal prestado pelo rede pública de Sorriso e o acompanhamento pós alta. Desde novembro de 2021 as altas hospitalares de pacientes moradores de Sorriso, internados na UTI Neonatal do Hospital Regional do mesmo município foram realizadas de forma responsável. A alta responsável se configura como um processo no qual os usuários saem da internação da alta complexidade, no caso UTI Neo Natal do Hospital Regional de Sorriso e são recebidos pela atenção básica em seus PSF’s. Esses profissionais ACOLHEDORES DA ATENÇÃO BÁSICA são orientados antecipadamente sobre as condições da alta de cada RN, tempo de internação, intercorrências sofridas, peso de alta, data da mesma tornando possível o segmento dos cuidados da atenção primária. Entre novembro de 2021 à março de 2022 foram acompanhadas 24 crianças sendo 23 gestantes.
Objetivos
Otimizar o atendimento imediato e o acompanhamento dos rn’s que receberam alta neonatal do hospital regional de sorriso, com moradoras desse município, melhorando assim o segmento dos cuidados médicos, de enfermagem, fisioterapia, fonoaudiólogo e nutrição, evitando por vezes a reinternação ou hospitalização desses mesmos pacientes, tendo em vista a necessidade de acompanhamento das parturientes por tratar-se muitas vezes de mães com pouca infraestrutura e despreparo, bebes baixo peso e necessitando de cuidados especiais, por consequência analisar informações relevantes frente à melhoria da qualidade do pré-natal prestado na rede pública municipal e ainda diminuir o número de óbitos neonatais é que esse projeto foi idealizado.
Metodologia
O Hospital Regional de Sorriso, é referencia para os partos de alto risco para a regional de Saúde Vale do Teles Pires, conta em sua estrutura com uma UTI neonatal com 10 leitos. O Município de Sorriso por sua vez, integra essa regional, e possui 28 Unidades Básicas de Saúde, totalizando 100% de cobertura da Atenção Primária segundo dados do Ministério da Saúde. Analisando os Indicadores Interfederativos, evidenciou-se que o número de óbitos infantis do município, embora próximo ao estipulado pelo MS como aceitável, manteve-se nos últimos 3 anos acima de 1%, e assim emergiu a necessidade de melhoria da qualidade do pré-natal e puericultura, a interlocução entre os dois serviços públicos, um de gestão municipal e outro estadual foi necessária, desse processo resultou a alta responsável, processo que visa o acompanhamento do paciente pós alta hospitalar para ingresso no atendimento da rede PRIMÁRIA de serviço. Desde novembro de 2021 todas as altas de pacientes moradores de Sorriso foram comunicadas para o Departamento de Atenção Primária que por sua vez, localizou a Unidade de Saúde de referência, e a enfermeira dessa unidade, passou a fazer contato direto e imediato com a equipe da UTI neonatal, e em casos com menor comprometimento acompanhar os pacientes pós alta através de busca ativa, visitas domiciliares, puericultura, consultas clínicas, teste do pezinho, vacinas, instruções nutricionais, incentivo à amamentação e demais encaminhamentos necessários.
Resultados
Nesse período foram referenciadas 23 gestantes e 24 crianças e não foi registrada nenhuma reinternação desse pacientes. Evidenciou-se que 48% das gestantes estavam com idade entre 20 e 29 anos, 30% são gestantes consideradas adolescentes pelo MS, ou seja abaixo de 20 anos, 17% entre 30 e 39 anos de idade e 4% acima de 40. Quanto ao número de consultas, concluiu-se que 48% tinham mais 7 consultas de pré-natal registradas, 35% entre 5 e 6 consultas, 9% entre 3 e 4 consultas e 9% 2 ou menos consultas. Referente ao registro de gestação prévias, 48% das gestantes tem entre 1 e 2 gestações anteriores, 43% uma (10 ou nenhuma gestação registrada, e 9% 3 ou mais gestações prévias. Quanto a idade gestacional no momento do parto, 74% encontravam-se entre a 30 e 36ª semana gestacional, 17% entre a 37 e 40ª semanas e 9% com IG inferior a 30 semana. Essas informações foram extraídas do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos- SINASC do MS. Outra informação pertinente é que 2 das crianças que passaram pela UTI neonatal não tiveram a mãe como tutelar no pós alta, sendo uma (1) delas abrigada pelo poder público, uma pela avó, e um terceiro caso que se destacou foi de uma criança quem embora sob tutela da mãe foi abrigada pelo poder público na Casa Abrigo da Mulher do Município, totalizando 13% em situação de vulnerabilidade social.
Conclusões
Embora novo, o resultado desse trabalho é considerado positivo, uma vez que nenhuma das crianças precisou voltar para a unidade hospitalar e não houve a necessidade de investimentos de valores para a execução, apenas mudança no processo de trabalho. Por outro ponto de vista, é necessário o estreitamento dessa interlocução entre os dois serviços, com a implementação de protocolos para essa alta responsável e ainda o acompanhamento da puérpera nesse mesmo processo antes da alta da criança. As análises ainda apontaram para a necessidade de qualificação da oferta do planejamento familiar disponibilizado pela rede pública. Não foi o objetivo desse trabalho avaliar as patologias prévias da gestantes ou mesmo as possíveis causas dos partos prematuros, mas essa é uma demanda para um próximo trabalho com o propósito de qualificar o pré-natal ofertado pela rede pública do município.
Palavras-chave
Alta responsável, pré natal.