Apresentação/Introdução
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) se refere a uma série de condições que caracterizam níveis de comprometimento em âmbitos comportamentais, de comunicação e na linguagem, identificadas desde o começo da infância. Alguns desses sinais podem ser rapidamente percebidos pela família e levados à Rede de Atenção à Saúde durante o processo de construção de seu fluxo, com os olhares amplos dos profissionais que desenham essa rede de atendimentos. O planejamento e a organização do atendimento à criança com sinais de TEA na rede de saúde de Ourilândia do Norte segue uma lógica na Atenção Primária que visa a qualidade do serviço e atendimentos, propiciando a atenção integral e valorizando a qualidade de vida da criança e de sua família. O ponto de partida é a detecção de indivíduos com alterações na interação e comunicação a partir das consultas de Puericultura, no Programa de Saúde da Família, e posteriormente encaminhados à Policlínica, com atendimentos da Fonoaudióloga, Psicóloga e Médica Pediatra. Por último, na sala de acolhimento do Centro de Atenção Psicossocial com acompanhamento dos profissionais da Psicologia e da Terapia Ocupacional a criança já com seu Plano Terapêutico Singular (PTS), construído a partir das necessidades do sujeito/usuário do serviço e de seu acompanhante responsável, segue o acompanhamento individualizado permanente, sendo valorizados enquanto pessoas singulares. Também ocorrem os atendimentos frequentes às famílias dessas crianças.
Objetivos
Descrever os cuidados oferecidos pela atenção primária à saúde para crianças autistas em Ourilândia do Norte – PA. Reforçar a necessidade relevância das intervenções precoces em crianças com sinais de Transtorno do Espectro Autista.
Metodologia
Mapeamentos realizados pelas Estratégias de Saúde da Família possibilitam o ordenamento das possíveis demandas que serão (re)encaminhadas aos serviços da rede, favorecendo uma ampla avaliação e possíveis acompanhamentos à criança que já necessita de abordagens significativas para melhora dos comportamentos percebidos desde o primeiro contato quando inseridos no serviço de saúde municipal, possibilitando que a linha de cuidado aconteça. A identificação dos sujeitos que vivem no território é fundamental para a construção de uma política de adesão aos serviços de saúde, pois possibilita que todos possam participar ativamente da qualificação desse processo pensado exclusivamente para o melhor atendimento das necessidades de cada sujeito, inclusive este que vive com diferentes necessidades de acompanhamento.
Resultados
Quando o atendimento à família acontece favorecendo o indivíduo em todas as suas particularidades e necessidades e a rede de saúde municipal permite essa lógica, os resultados apresentam-se tão logo. Em quase três anos de atendimentos à demanda de usuários com sinais de Transtorno do Espectro Autista, a construção de conquistas é diariamente evidente pelo fluxo na rede e depoimentos dos familiares das crianças atendidas, com melhoras visíveis no processo de comunicação e interação dessa criança ao longo de seu desenvolvimento, percebidos também pelos profissionais que realizam. A rede funciona melhor e proporciona assim maior qualidade no serviço para a família atendida, favorecendo uma narrativa aberta para esse sujeito beneficiado que vai desde o relato dos sintomas, do diagnóstico realizado, até o acompanhamento de forma global.
Conclusões
Identificar crianças com sinais de Transtorno do Espectro do Autismo e permitir que a rede de serviços de saúde funcione da melhor forma nesse atendimento e acompanhamento precoce, favorecendo o desenvolvimento desse individuo e da qualidade de vida de sua família é primordial para a construção de uma Rede de Saúde flexível, com profissionais aptos a manterem um diálogo aberto com o cuidador dessa criança, evitando o afastamento que culturalmente ocorre dessa família em relação aos serviços de saúde e se estendem aos demais, por vergonha, medo, discriminação, podendo causar um isolamento capaz de dificultar ainda mais a qualidade de vida da criança e de seus familiares. A formatação de uma rede bem articulada é fundamental para a garantia de conquistas do cidadão e de quebras de paradigmas sociais, possibilitando benefício ao quadro clínico dos indivíduos com sinais de TEA e favorecendo aos profissionais melhores intervenções dentro da linha de tratamento adequado para cada situação. O município conta hoje com um atendimento e estimulação precoce inédito às crianças com sinais de TEA, graças ao mapeamento e referências desse usuário à rede, facilitando seu fluxo e articulação adequadas entre os profissionais e serviços.
Palavras-chave
Estimulação Precoce, TEA, Acolhimento