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João Pessoa - PB

INSERÇÃO DO DIU NA APS: ESTRATÉGIAS DE AMPLIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA E ACESSO EM SAÚDE REPRODUTIVA

Autor(a): VERôNICA EBRAHIM QUEIROGA

Coautor(a): AILMA DE SOUZA BARBOSA, FABIOLA MOREIRA CASIMIRO DE OLIVEIRA, BRUNA RODRIGUES DE ALMEIDA, WAGLÂNIA DE MENDONÇA FAUSTINO

Ano: 2022

Apresentação/Introdução

De todas as gestações no mundo e no Brasil, 40% são não intencionais, e o percentual é ainda maior alcançando até 55,4% das mulheres, contribuindo para abortamentos induzidos e desencadeando aumento da mortalidade materna. A inserção do Dispositivo Intrauterino (DIU) ofertada na Atenção Primária à Saúde (APS) é uma das opções de contraceptivos eficazes, de longa duração e baixo custo para o Sistema Único de Saúde (SUS). Entretanto, ainda não é utilizado em larga escala, principalmente na prática da Consulta de Enfermagem. Diversos países desenvolvidos têm buscado formas de romper algumas barreiras e ampliar o acesso para expansão da oferta de inserção do DIU, como qualificação profissional e fomento na área de educação em saúde da população. A assistência em planejamento reprodutivo deve fazer parte do rol de atividades das equipes de saúde da família (ESF) que atuam na APS, direcionadas à saúde da mulher, do casal e da família, em uma visão de atendimento integral à saúde, baseada no respeito aos direitos sexuais e reprodutivos.

Objetivos

Relatar a experiência de estratégias desenvolvidas por uma Equipe de Saúde da Família do Distrito Sanitário V no município de João Pessoa no Estado da Paraíba para ampliação da assistência e acesso em em planejamento reprodutivo às mulheres em idade fértil na unidade saúde da família (USF).

Metodologia

Trata-se de um relato de experiência onde a partir de uma demanda local identificada pela equipe nas consultas médica e de enfermagem, foram planejadas estratégias de ações à saúde da mulher. Foi ofertada na USF desde 2018, a inserção do DIU nas quintas feiras à tarde ou nos sábados pela manhã conforme demanda das mulheres. As mulheres que desejarem e que preenchem os critérios de elegibilidade para anticoncepção do DIU de cobre são avaliadas pela médica e examinadas pela enfermeira que realiza o exame citológico. Algumas, apresentam alterações e dessa forma são tratadas previamente. Nas consultas e rodas de conversa com as gestantes e comunidade em geral os profissionais realizam sensibilização para desmistificar tabus criados ao longo do tempo sobre a inserção de DIU. São enfatizados os benefícios do DIU de cobre como: ser muito eficaz por até 10 anos; não provocar eventos adversos como os experimentados com os métodos anticoncepcionais hormonais e quando a mulher desejar engravidar basta retornar ao serviço para retirar o dispositivo. Durante a pandemia utilizou-se dos grupos de WhatsApp e mídias sociais para divulgação, agenda e informações. No dia agendado para o procedimento, as mulheres fazem o teste rápido de gravidez, se disponível na USF ou trazem o resultado do Beta HCG feito no dia anterior para descartar uma possível gravidez. São acolhidas com oferta de Auriculoterapia e o ambiente aromatizado com óleo essencial de lavanda para diminuir o medo e às tensões.

Resultados

Após procedimento a usuária permanece em observação por 10 minutos deitada, faz-se entrega do comprovante do dispositivo de cobre constando lote, validade, marca e tamanho do fio, prescrito anti-inflamatório, sendo ainda agendada consulta de retorno e avaliação. Ressalta-se que a articulação intersetorial com às Instituições de Ensino Superior especialmente com o Projeto de Extensão Inserção do DIU na Atenção Básica da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) tem contribuído para fortalecer às ações de cuidado à mulher e possibilitou capacitar durante a formação dos médicos residentes com o intuito de aumentar o acesso as usuárias nos cenários de prática. Atualmente está promovendo uma Educação Permanente em Saúde objetivando potencializar a consulta de Enfermagem em Saúde Sexual e Reprodutiva com enfoque na inserção de DIU para enfermeiros da APS do município de João Pessoa, Mamanguape, e outras Instituições de Saúde de atendimento à mulher, a exemplo das maternidades, assim qualificando mais profissionais para esta prática, ampliando a oferta e o acesso ao método mais perto das mulheres. Essa tríade, profissional capacitado, acesso dentro do território e a disponibilidade da informação correta tem contribuído para oferta de um cuidado integral oportunizando às mulheres a escolha do método desejado tendo sido exitosa à procura pelo serviço.

Conclusões

Apesar dos avanços ocorridos nos últimos anos em relação às Políticas Públicas relacionadas à Saúde da Mulher, muito precisa ser feito visando a redução da mortalidade materna, abortamento provocado, ao planejamento reprodutivo, gravidez não intencional e humanização do cuidado. É responsabilidade da APS facilitar o acesso das usuárias aos serviços de saúde, acolhendo a mulher assim como, acompanhar os passos percorridos pela mesma em toda a Rede de Atenção à Saúde. Qualificar mais profissionais de saúde para dialogar e empoderar as usuárias durante os atendimentos, disponibilizar quais os métodos anticoncepcionais mais adequados para a sua situação, considerando as questões de vida daquela mulher ou casal que está sendo aconselhado. Essas ações têm se configurado exitosa à prática dos métodos contraceptivos no SUS, uma vez que tem ampliado o acesso das mulheres ao DIU e vem amenizar a dificuldade já conhecida dos serviços de saúde públicos em incorporar, de forma efetiva a assistência anticoncepcional, através de métodos reversíveis e não hormonais habilitando em especial o Enfermeiro também com a prática de inserção de DIU, podendo contribuir para melhorar a qualidade de vida das mulheres.

Palavras-chave

Atenção Primária à Saúde, Saúde Reprodutiva, DIU