Apresentação/Introdução
A leishmaniose visceral (LV) é uma antropozoonose com distribuição cosmopolita no mundo chegando acometer crianças, jovens e adultos e quando não realizado tratamento, pode apresentar letalidade de 95%. A leishmaniose visceral canina e a humana estão em constante crescimento e, atualmente, encontram-se difundidas em quase todo o Brasil. Nos dias atuais, destaca-se por estar sendo considerada uma doença reemergente, caracterizando-se por processo de transição epidemiológica. Na Paraíba a LV é considerada uma doença endêmica e está em expansão na área urbana. No período de 2014 a 2018 foram notificados 619 casos, sendo 260 confirmados (42%) com uma média anual de 52 casos. Dos 223 municípios do estado, 127 (57%) registraram casos no período de 2014 a 2018.No município de Zabelê/PB, localizado na localizado no cariri ocidental da Paraíba. De acordo com os dados obtidos do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN), houve três notificações da LV, nos anos de 2016, 2018 e 2019, em pacientes do município, o que coloca Zabelê como um dos 85 municípios da PB com transmissão esporádica. Nesse sentindo, em relação à intensidade da transmissão da LV há municípios com índices consideráveis de transmissão e outros com um nível de transmissão baixo, porém existente, como é o caso de Zabelê/PB, o que o coloca como vulnerável quanto a doença. Diante do exposto, sentiu-se a necessidade de implantar um trabalho controle da LV canina no município com início em 2019 até os dias atuais.
Objetivos
O objetivo deste trabalho foi realizar um controle da leishmaniose visceral canina, no município de Zabelê/PB tendo em vista que nos anos 2016, 2018 e 2019, foram observados três casos notificados em humanos e nenhum caso notificado em cão, consideramos que as medidas de prevenção da LV envolvem ações dirigidas não apenas à população humana, mas também ao vetor e ao seu principal reservatório (cão). Nosso trabalho é voltado ao controle e conscientização da LV no município, sempre buscamos mostrar os tutores a importância do conhecimento da doença. Nossas ações são realizadas mensalmente na zona rural e zona urbana do município, e também realizamos semestralmente um dia D da leishmaniose, onde é realizado palestras sobre o tema e realização dos testes para LV, as ações de conscientização também são realizadas nas escolas municipais e estaduais do município para os alunos dos anos finais do ensino fundamental II, ações estas promovido pela equipe da secretaria de saúde do município.
Metodologia
A metodologia utilizada foi a busca ativa, realizada por meio de um trabalho intersetorial entre a Vigilância em Saúde, agentes comunitários de endemias e de saúde, equipe multiprofissional em saúde e através de demanda espontânea da população. Nesse sentido, houve a identificação de possíveis cães contaminados, por meio de anamnese física dos mesmos, após a suspeita os cães investigados foram submetidos ao Teste Rápido DPP® LVC e caso o mesmo fosse reagente, foi encaminhado uma remessa de material biológico do animal ao Laboratório Central de Saúde Pública da Paraíba (LACEN/PB), para confirmação ou descarte laboratorial do mesmo. Resultado ao proprietário foi fornecido pelo LACEN, se o animal foi reagente no teste de Elisa, informamos ao proprietário onde mesmo optou pelo tratamento para doença ou a escolha pela eutanásia. Dentre os procedimento de tratamento 4 drogas são usadas para cães reagentes que são: os antimoniais pentavalentes, alopurinol, aminosidina e anfotericina B. Caso o cão seja reagente e o proprietário não opte pelo tratamento ela assina um termo de autorização de eutanásia e é realizado a mesma usando os protocolos de eutanásia com base a Resolução n.º 714, de 20 de junho de 2002, do Conselho Federal de Medicina Veterinária, que dispõe sobre os procedimentos e métodos de eutanásia em animais e dá outras providências. É de fundamental importância a realização de uma análise epidemiológica para que possamos tomar decisões de ações para doença no município
Resultados
A LV é uma doença de notificação compulsória, de acordo com a Portaria Nº 204, de 17 de fevereiro de 2016, é uma doença negligenciada por acometer a população mais vulnerável, do ponto de vista econômico e com maior dificuldade de acesso aos serviços de saúde. No período de janeiro de 2019 a março de 2022, foram realizados no município de Zabelê – PB, testes rápidos para diagnóstico da LVC. Em sua totalidade foram realizados 161 testes, dos quais 16 foram sororeagentes. Dessa forma, foi encaminhado o material biológico (soro) dos animais positivados para serem submetidos ao diagnóstico de Elisa, no Laboratório Central de Saúde Pública da Paraíba. Todos que foram confirmados através do teste rápido também apresentaram soropositividade no Elisa. Mediante o fato, os proprietários foram informados de tais resultados e em seguida foram orientados a como proceder, ou se responsabilizar pelo tratamento do animal ou realizarem a eutanásia dos mesmos. Os proprietários autorizaram expressamente o procedimento de eutanásia dos animais, os que apresentaram como não reagentes, não necessitando de outro método de diagnóstico para a doença. O município de Zabelê, como já explicitado, não tinha registros anteriores de diagnósticos para a LVC, porém entre os anos de 2019 até março de 2022 foram realizados em sua totalidade 161 testes para LVC, obtendo-se 145 cães não-reagente, o que representa 90,06%, e 16 cães reagentes, o que representa 9,93%.
Conclusões
A título de conclusão consideramos que, a partir deste trabalho, observou-se que o município tem dado uma importante contribuição promoção à saúde pública, adotando uma política de testagem em cães sintomáticos e assintomáticos para doença. Desta forma foi possível observar em um número expressivo de cães foram positivos e com isso recomenda-se ações de Controle de Leishmaniose Visceral Canina, tais como a qualificação de profissionais de saúde sobre as ações de vigilância e controle da leishmaniose visceral. É importante salientar que esse trabalho cada vez mais precisa ser colocado em pratica principalmente por ter um objetivo educacional de promover saúde na escola através de palestras e conversas com para os alunos dos anos finais do fundamental II. Foi observado como de suma importância da interação da equipe para que os resultados fossem alcançados, onde foram envolvidos os ACS’s e ACE’s dando assim uma considerável contribuição para o sucesso do controle da doença. Este projeto é notável o seu sucesso principalmente pela promoção a saúde única onde envolve os seres humanos, o ambiente e a saúde animal. Desta forma salientamos a importância que outros municípios possam adotar está metodologia e executar este projeto.
Palavras-chave
Cão, inquérito soroepidemiológico, saúde pública.