Apresentação/Introdução
Os processos de trabalho dos serviços de atenção primária à saúde são complexos e dinâmicos, sendo implementados e, por vezes, aperfeiçoados diante do contexto populacional e realidades às quais os profissionais estão inseridos. No contexto brasileiro, ao longo da última década, tem-se observado mudanças estruturais e organizacionais em tais processos, em especial no que corresponde à maneira em como a informação em saúde tem sido tratada. Implicitamente, por trás da implantação de programas avaliativos, da transição de sistemas de informação, dos novos modelos de financiamento, entre tantas estratégias estabelecidas a fim de qualificar os serviços de atenção primária, a informação em saúde tem sido crucial nas tomadas de decisões a nível central. Tal movimento, despertou a necessidade de os municípios olharem com atenção especial àquilo que tem sido registrado por seus profissionais, não só de maneira quantitativa. Desse modo, cada vez mais se estabelece na informação em saúde instrumento sólido de gestão para monitorar, avaliar e aperfeiçoar as ações em saúde voltadas à população. Diante disso, em meio a esse processo de qualificação, o município de Teresina-PI, desde a implantação do sistema e-SUS em 2013 até a atualidade, vem aperfeiçoando a forma de trabalhar com a informação em saúde e suas possibilidades junto aos gestores, às suas equipes de trabalho de atenção primária e à população.
Objetivos
Relatar a experiência do município de Teresina-PI em utilizar a informação em saúde como estratégia de gestão e qualificação dos processos de trabalho na atenção primária.
Metodologia
A “simples” transição para o sistema e-SUS abriu portas para o início de um processo em ter a informação em saúde como fio condutor das tomadas de decisões da gestão na atenção primária no município até então. Vislumbraram-se as enormes vantagens em se investir em informatização, conectividade, insumos e equipamentos, além da contratação de pessoal qualificado em tecnologia da informação para atuar em conjunto. Para tanto, hoje, o município possui uma Gerência de Informação em Saúde dentro de seu organograma, composta por equipe multiprofissional com apoio de um analista de sistema, voltada para implantação e suporte dos sistemas de informação, monitoramento e avaliação das informações, além de ser responsável pelos treinamentos e atualizações junto aos profissionais de saúde. Existem também, como suporte, empresas terceirizadas para manutenção dos equipamentos de informática, de rede de internet e de banco de dados, além da parceria com outras pastas gestoras de tecnologia de informação existentes no município. Para análises das informações, são utilizados os sistemas e-SUS, e-gestor AB e ferramenta de business intelligence (BI) Metabase. As informações são disseminadas por meio de uma biblioteca virtual criada e alimentada pela gerência em questão.
Resultados
De forma planejada e gradual, a implantação do e-SUS foi terminada ainda no primeiro ano de transição, em seu cenário mais completo, com instalação que permitia prontuário eletrônico em rede compartilhada. O ápice do processo foi alcançado em 2017, com todas as unidades básicas de saúde, seja de zona urbana ou rural, com prontuário eletrônico implantado, rede de internet estável e equipamentos de informáticas em todos os ambientes. Após a implantação, o processo tem sido de qualificação da informação registrada, com monitoramento e acompanhamento contínuo por meio de visitas às unidades e treinamentos. Atualmente, por conta do Previne Brasil, o foco tem sido em aprimorar junto às equipes a utilização dos relatórios disponíveis como meio de seguimento das ações desenvolvidas. Além disso, tem-se investido em trabalhar melhor a informação dos bancos de dados do e-SUS utilizando outras ferramentas de BI que facilitem a visualização da produção realizada antes da finalização do quadrimestre. Tais informações são disponibilizadas gratuitamente em página on-line aos profissionais e gestores para acompanhamento, dando maior transparência. Da mesma forma, também são trabalhadas e disponibilizadas informações oriundas do ambiente restrito do sistema e-gestor. Com isso, além de dar subsídios à gestão em identificar seus pontos fortes e fragilidades, também é dado aos profissionais instrumentos para se enxergarem de maneira mais direta no alcance de um bom desempenho.
Conclusões
Ter a informação efetivamente como eixo norteador de decisões torna a gestão dos serviços de atenção primária em Teresina mais fortalecida e consciente no planejamento de suas ações. Mais que alcance de metas ministeriais, investir na gestão da informação mostrou melhores formas de acompanhar o andamento e funcionamento dos serviços de saúde junto à população, identificando os eixos que devem ser fortalecidos. A informação trabalhada e analisada possibilita a identificação de situações ainda não observadas ou sondadas pela gestão, auxiliando na qualificação dos processos de trabalho de maneira geral. A iniciativa de utilizar outras ferramentas que facilitem a utilização das informações disponibilizadas pelo sistema vigente, reforça a necessidade de qualificação dos mesmos, ao tempo que reforça a urgência de relatórios que sejam mais simples e transparentes, permitindo acompanhamento em tempo real do que tem sido realizado pelas equipes de saúde. Acredita-se que a saúde digital só venha a crescer e ser cada vez mais protagonista na agenda da saúde.
Palavras-chave
Informação em Saúde,Gestão, Sistemas de Informação