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Matelândia - PR

conhecer para acolher - territorialização e classificação de risco individual e familiar

Autor(a): FRANCIANE MURARO

Coautor(a): Caroline Valverde Diniz Boechat, marlene goulart da silva, marineusa poggere, karina zanesco longo

Ano: 2022

Apresentação/Introdução

Verificando a necessidade de REconhecer a real necessidade da população de abrangência do território pertencente a unidade básica de saúde central do município de Matelândia/PR, vimos que seria indispensável confeccionar uma ferramenta de trabalho que pudesse diferenciar, classificar e sinalizar os indivíduos/famílias que requereriam maior atenção por parte da equipe. O principal intuito dessa classificação é planejar ações voltadas especificamente para demanda atual da UBS, sem deixar de avaliar a individualidade doe cada paciente. Atualmente temos como ferramenta um sistema próprio de informação que classifica as famílias baseado na Escala de Coelho e Savassi que auxilia na identificação dos fatores socioeconômicos e condições/ patologias presentes nas famílias, uma vez que a família é cadastrada no sistema e identificado os fatores de risco de cada indivíduo. Porém, como passar dos anos entendemos que a volatilidade do território e as novas estruturas familiares e culturais das mesmas bem como as características individuais da população adscritas no território traçavam um padrão totalmente diferente do encontrado na comunidade 10 anos atrás quando iniciei na ESF. Partindo desse princípio e com o apoio de tutorias realizadas no município, iniciamos um projeto de identificação de fragilidades do território, conhecimento das famílias, levantamento de dados sociais, econômicos, culturais, doenças e agravos, faixa etária e demais informações que julgamos pertinente.

Objetivos

O principal objetivo desse projeto é justamente alinhar os princípios do SUS e garantir esse acesso a população da forma como a Constituição prevê. Entendemos que nos dias atuais a participação da população no uso do Sistema Único de Saúde é bem mais participativa e entendida como tal, garantindo o princípio da universalização. Em contrapartida o princípio da integralidade também vem sendo assegurado com a articulação da saúde com outras políticas públicas visando o atendimento integral de cada cidadão. Quando falamos de Equidade e pensando no sentido lindo que ela nos propõe, (tratar desigualmente os desiguais) percebemos que não possuíamos nenhuma ferramenta para mensurar essas diferenças e traçar ações para diminuir essas desigualdades e suprir as necessidades distintas. Isso tudo juntamente com o que a PNAB 2017 propõe a melhoria do cuidado continuado e as diretrizes a serem aderidas pelas pela Atenção Básica.

Metodologia

Entendemos que o ACS são os olhos da ESF e que sua participação é o que norteia as ações que a UBS deve executar. A visita domiciliar (VD) é uma das principais ferramentas que integram o Programa Saúde da Família (PSF) e tem como objetivo oferecer condutas de promoção, proteção e recuperação da saúde do indivíduo, da família e da comunidade em geral. É a partir da VD que possibilitamos uma atenção interdisciplinar e multiprofissional dentro de cada domicílio, por se tratar de ser o principal instrumento de vínculo e conhecimento da realidade do território, entre o profissional de saúde e as famílias cadastradas. Nos dias atuais, bem como o surgimento da pandemia COVID-19, que mobilizou o mundo obrigando as UBS absorverem essa demanda de atendimento e abrindo mão do cuidado continuado e consequentemente o enfraquecimento do vinculo direto com a UBS devido as quarentenas e isolamento social, viu-se a necessidade de reavaliar a forma como as VD eram realizadas e priorizadas. Não seguíamos um protocolo que nos norteasse quanto a realização das visitas, e por muito tempo seguimos apenas como exigia o fluxo da demanda existente, e pensando dessa forma, acabamos dando mais atenção aos agravos em si do que a prevenção dos mesmos. Iniciamos então, a identificação das famílias e coleta de dados. Um a um. Família por família. Indivíduo por indivíduo. E confeccionamos nossa própria tabela de classificação de risco.

Resultados

Utilizamos o Excel como ferramenta para inserção de dados. Dessa forma, conseguimos fazer uma diferenciação de risco e identificar com maior clareza as condições e agravos dos nossos pacientes. Pontos importantes como saneamento básico, desemprego e desnutrição hoje que são pontos fundamentais na escala de Coelho e Savassi, não são aspectos tão relevantes em nossa comunidade. Por outro lado, idosos que moram só, pacientes de saúde mental de alto risco e falta de suporte familiar na adesão de tratamentos são questões extremamente relevantes. Elencamos 40 itens mais comuns e que julgamos de extrema importância pontuá-las. Cada item equivale a uma numeração na escala de acordo com a gravidade/importância/necessidade no contexto da classificação. Cada indivíduo recebe uma pontuação equivalente ao risco que possui, somado, se for ao caso de mais moradores no domicilio, identificamos o risco familiar, representado por um responsável. Após, o calculo automático nos dá a pontuação correspondente a cada “família”. Classifica por cor a ordem crescente da pontuação, sendo: quanto mais verde, menor o risco; quanto mais vermelho, maior o risco. Em seguida, a periodicidade das visitas será planejada e priorizada de acordo com a classificação final de cada “ familia”, sendo a programação de VD para 7, 15, 30, 60 e 90 dias dependendo da classificação correspondente. Dessa forma as visitas passam a seguir uma programação o que facilita o planejamento de ações a serem desenvolvidas.

Conclusões

A tabela nos permite que toda a equipe tenha acesso aos riscos familiares caso houver ausência de qualquer ACS. Como o território é volátil, a tabela nos permite condensar uma enorme quantidade de informações e facilidade para alterar e/ou acrescentar novas, bem como utilizar dos recursos que o excel nos permite. Partindo disso, iniciamos o projeto de territorialização da área abrangente. Utilizamos o número equivalente ao risco de cada domicilio e contabilizamos o montante equivalente a cada quadra de nosso território. Após todas as quadras estarem numeradas com o risco existente naquele lugar, realizamos a somatória geral e dividimos pelo numero de ACS do ESF Central. Essa foi a maneira mais justa de redivisão de território. ACS´s que eram responsáveis por área que demandavam pouco, ampliaram seu território para compensar aquelas que tinham um esforço redobrado pra acompanhar suas famílias vulneráveis, reduzindo dessa forma o número de famílias para as ACS`s que possuem áreas mais vulneráveis. Consideramos também as áreas de maior distanciamento da UBS e maior dificuldade de acesso. Nessas as ACS´s responsáveis ficam com um número reduzido de risco classificado. Assim nosso território foi redividido e classificado.

Palavras-chave

Territorialização, classificação de risco,