Apresentação/Introdução
A dor crônica se caracteriza por dor persistente e ou recorrente de longo período, por vezes acompanhada de lesão sem prognóstico de cura ou posterior a uma lesão tecidual aguda. Já a fibromialgia, se caracteriza por dor generalizada, acompanhada geralmente de sintomas de saúde mental, impactando a qualidade de vida do usuário. Os usuários acometidos por situações acima descritas eram encaminhados para sessões de fisioterapia, os quais adentravam em uma fila geral (reabilitação motora, respiratória e de condições agudas), com liberações de vagas mensais e por vezes limitada. Com a crescente demanda municipal e sobrecarga na fila de fisioterapia, em 2013 iniciou-se o Grupo da Dor Crônica, com freqüência semanal, para atendimento desta demanda, sob regência das fisioterapeutas do NASF, sendo suspenso com a pandemia do COVID-19. Com a melhora da situação epidemiológica, em novembro 2021, houve a retomada gradativa do grupo, o qual foi reestruturado para os moldes atuais, atendendo semanalmente 80 pacientes, divididos em 5 grupos, sob acompanhamento da fisioterapeuta do NASF e apoio da equipe multidisciplinar, com duração aproximada de 60 minutos. São utilizadas técnicas de alongamento e exercícios de reabilitação, respeitando sempre a limitação do usuário. Por se tratar de uma condição crônica de saúde, esses pacientes tendem a ser usuários ativos dos grupos operativos e dificilmente ganham alta deste, criando um vinculo com a equipe de atendimento.
Objetivos
Este grupo operativo tem como objetivo principal, atuar na melhora da qualidade de vida de pacientes com dor crônica e fibromialgia, realizando a acolhida destes e promovendo cuidado à saúde; desonerar a fila de fisioterapia, possibilitando acesso oportuno a situações agudizadas; continuidade do cuidado acolhendo a demanda do Centro Integrado de Terapias, principalmente no que se refere ao serviço de fisioterapia.
Metodologia
Para o presente relato foi aplicado um questionário pela fisioterapeuta, que utilizou a ferramenta Escala Visual Analógica da Intensidade da Dor (EVA) como apoio. O instrumento contém perguntas sobre o início do tratamento (local da dor, intensidade da dor) e perguntas sobre o momento atual (intensidade da dor, se houve redução no tratamento medicamentoso e se houve melhora na saúde em geral do usuário ao participar do grupo), o referido questionário é aplicado a cada 10 sessões completas dos usuários no grupo. Os pacientes para atendimento no grupo são referenciados pelas Equipes da Atenção Básica, médicos da Atenção Especializada e Centro Integrado de Terapias para a Equipe do Núcleo de Apoio a Saúde da Família, que realiza o acolhimento e inclusão do mesmo no grupo operativo. Os grupos têm encontro semanal, com duração aproximada de 60 minutos, sob condução da fisioterapeuta da equipe do NASF, com realização de exercícios de reabilitação (com ou sem equipamentos) e alongamentos. Também conta com o apoio da equipe multidisciplinar (nutricionista, psicóloga, fonoaudióloga), para abordagem de temas de promoção a saúde periodicamente.
Resultados
Os dados coletados até o momento indicam que 89,7 % dos usuários freqüentam o grupo da dor a mais de 30 dias, sendo 87,2% do sexo feminino. Analisando o local da dor, identificamos 48,7% dos usuários com dor lombar, 25,6% diagnosticados com fibromialgia, 23,1% com dores em joelho, 23,1% de quadril, 20,5 % dores em ombros e 5,1% em coluna cervical/pescoço. A maioria dos participantes, 84,6%, no início do tratamento identificou através da escala, sua dor como sendo no mínimo uma dor severa e deste percentual, 38,5% dos usuários identificaram o grau como sendo “Pior dor possível”. Outros usuários identificaram a intensidade sua dor em Dor Leve (10,3%) e Dor Moderada (5,1%). O inverso observa-se ao serem questionados sobre a intensidade da dor após a 10° sessão do grupo, 12,8 % dos usuários referiram estar sem dor alguma, 30,8% referiram ter apenas dores leves, 25,7% dores moderadas, 28,2% referiram sentir dor severa e apenas 2,6% referiram dor muito severa. Destaca-se que nenhum usuário referiu sentir a “Pior dor possível” após a 10° sessão. Referente à redução do uso de medicação para a dor após o início da participação no grupo, 56,4 % dos usuários relataram a redução no uso. Outros pontos a serem destacados, é que 71,8% dos usuários relataram alívio das dores e tensões musculares e 46,2% na qualidade do sono. No que se refere sintomas de saúde mental, principalmente ansiedade 20,5% dos usuários referiram melhora e 41% referiram melhora na disposição física.
Conclusões
O número de pacientes com doenças crônicas vem aumentando gradativamente em âmbito nacional, sendo exacerbada pelo reflexo da pandemia. A população tem gradativamente aceitado alternativas de migração do tratamento individualizado para os atendimentos em grupo, especialmente quando os mesmos são bem organizados e transmitem segurança e credibilidade. A polifarmácia e o comprometimento da qualidade de vida dos usuários com doenças crônicas são pautas principais de intervenção dos serviços de saúde, baseado sempre na orientação para auto-cuidado apoiado. Fica iminente o reflexo da participação contínua nos grupos operativos, na melhora da intensidade da dor do usuário e conseqüentemente da sensação de bem estar e motivação, o que afeta diretamente também a realização de atividades diárias dos mesmos.
Palavras-chave
Grupo, dor crônica, fibromialgia, fisioterapia