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Mazagão - AP

BRINCAR PARA ELIMINAR:INTEGRAÇÃO VIG. AMBIENTAL E ATENÇÃO BÁSICA NA PREVENÇÃO DA MALÁRIA NAS ESCOLAS

Autor(a): TIAGO JOSÉ DE SOUZA

Coautor(a): ALINE CRISTIANE TEXEIRA DA SILVA

Ano: 2022

Apresentação/Introdução

O município de Mazagão, que fica na região sul do estado do Amapá, tem um forte histórico no tocante aos casos de malária. O município é considerado prioritário para o ministério da saúde, no que se diz respeito a estratégias de combate, visando a eliminação da doença. No ano de 2019, foram registrados 1860 casos, sendo 576 casos na população infantil de 1 a 14 anos, o que configura que 40% dos casos de malária do município foram em crianças e em sua maioria na zona rural. A malária em crianças vai além do sofrimento pelos sintomas clínicos, também está atrelada ao baixo rendimento e evasão escolar e ao declínio na interação social, pois a criança com malária não brinca.O Departamento de Vigilância Ambiental vem trabalhando a multidisciplinariedade, fazendo parcerias e trabalhando de forma integrada com outros níveis de atenção à saúde. Uma das ferramentas usadas para fortalecer essa rede de comunicação para prevenção foi o PSE (Programa Saúde na Escola). O município de Mazagão possui 56 escolas, 3906 alunos e 336 professores. Ao mensurar esse corpo pedagógico, vemos um grande potencial educativo para combate da malária. Enxergar a criança como multiplicadora de informação a serem disseminadas na sua comunidade é uma estratégia de educação que além de promover saúde, promove também a educação autônoma.

Objetivos

•Levar as escolas do campo, ações educativas sobre prevenção e cuidados com a malária; •Inserir elementos lúdicos nas ações educativas de prevenção a malária nas escolas; •Tornar o processo de aprendizagem mais prazeroso e dinâmico; •Elaboração conjunta de material didático que se adeque a realidade territorial onde a escola está inserida; •Integração do PSE com a vigilância ambiental para treinamentos, no intuito de criar a autonomia dos professores para trabalhar a temática de malária nas escolas; •Introduzir a proposta de atividades sobre malária nas semanas pedagógicas e no projeto político pedagógico nas escolas, para garantir de forma legal a continuidade dos trabalhos; •Treinamento dos professores para criação de jogos, poesias e atividades sobre o tema; •Estimular a participação da comunidade escolar (pais, profissionais administrativos da escola e moradores da comunidade) durante as atividades.

Metodologia

O desenvolvimento da experiência começou com o planejamento baseado no levantamento de dados, criamos um fluxo de trabalho que ajudou a reunir ferramentas que embasasse nossas ações. Então começamos a elaborar a estratificação epidemiológica e traçar o perfil das áreas com mais casos de malária, mais em conjunto, também estávamos analisando o censo escolar e a PENSE (Pesquisa Nacional de Saúde Escolar), bem como as bases da educação do campo. A partir dessas análises, selecionamos as duas localidades piloto, sendo elas as comunidades do carvão e do rio preto. Após o planejamento e a seleção das escolas que receberiam as ações, partimos para o momento das oficinas, com o intuito de criar ferramentas lúdicas que prendessem a atenção das crianças durante as atividades. As oficinas ocorreram com os técnicos escolares, e delas saíram produtos como rimas, poesias, jogos e atividades escritas. As ações aconteceram na comunidade do carvão e comunidade do rio preto, e abrangeu a escola Vanderléa dos Santos Pena e escola Tia Chica. Neste momento, utilizamos: o mosquito de tamanho aumentado, as poesias da gotinha de sangue e da prevenção, o jogo da memória da malária onde mostra imagens sobre as formas de prevenção e sintomas, assim como a utilização do “dinoscópio”, um microscópio infantil em formato de dinossauro, que utilizamos para chamar a atenção das crianças para importância do diagnóstico; bem como atividades como caça palavras, sete erros e pintura.

Resultados

•Treinamento dos 7 enfermeiros da estratégia saúde da família, sobre abordagem pedagógica e ludicidade nas ações de educação em saúde do PSE; •Capacitação dos 11 técnicos de saúde escolar da secretaria de educação sobre abordagem da temática de malária para crianças; •Criação do fluxo de trabalho entre a vigilância ambiental e o PSE; •Inserção da temática de malária nas discussões da semana pedagógica das escolas do município; •Pactuação local entre o grupo de trabalho, gestor do PSE, da inserção da malária como temática prioritária no município; •Maior adesão por parte das crianças e comunidade nas atividades educativas; •Aquisição por parte do município de material educativo para trabalhar o tema nas escolas; •Todas as escolas do município possuem material educativo para trabalhar a temática de malária. •Redução de 29% dos casos na faixa etária atendida pelo projeto, o que contabilizou 45 casos a menos em comparação com o ano anterior.

Conclusões

A experiência BRINCAR PARA ELIMINAR traz em sua essência, a quebra de barreiras de comunicação com o público infantil, buscando de forma equânime tornar as questões pertinentes a prevenção e combate a malária mais acessíveis e fluidas metodologicamente. A informação tem que ser audível ao receptor, e como veículo estamos usando a educação popular em saúde e as práticas pedagógicas. A intersetorialidade tem sido um grande aliado no processo de continuidade do projeto, pois a divisão de tarefas faz com que tanto a vigilância ambiental, quanto a atenção básica por intermédio do PSE, sintam-se responsáveis pelo processo educativo das crianças. Em suma, nossa maior missão é fazer com que as crianças aprendam brincando, pois, essas atividades chegam a ser o cumprimento de uma necessidade básica da criança, assegurada na Declaração Universal dos Direitos da Criança (aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas em 1959). Em seu artigo 7º, está descrito: “Toda criança terá direito a brincar e se divertir, cabendo a sociedade e as autoridades públicas garantir a ela o exercício pleno desses direitos”.

Palavras-chave

Atenção básica; Vigilância da Saúde Ambiental;