Logo do ConasemsLogo do SUS
Doutor Severiano - RN

A VACINAÇÃO VOLANTE COMO ESTRATÉGIA PARA FORTALECIMENTO DAS PRÁTICAS DE CUIDADO EM SAÚDE

Autor(a): CALINE IARA JÁCOME SILVA

Coautor(a): CARLA INÊS JÁCOME DA SILVA FRANCO, MARIA ALDILEIDE DE OLIVEIRA, THAÍS EMMANUELLE SILVA SANTIAGO DE AZEVEDO, ALEXSANDRA CORREIA DE BESSA BIZERRA

Ano: 2022

Apresentação/Introdução

Implantado no Brasil em 1973, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) surge como uma estratégia de organização das atividades de vacinação, prevenção e controle da incidência de doenças infectocontagiosas, com o intuito de desenvolver ações planejadas e sistematizadas que contribuam de forma significativa para a proteção e a promoção da saúde. Com a responsabilidade de abranger toda a população, nas mais diversas faixas etárias da vida, um dos desafios do programa está na cobertura vacinal devido à alta extensão territorial. Corroborando com esta realidade, Doutor Severiano ocupa uma área de aproximadamente 114 km² segundo o IBGE (2010), dos quais apenas 0,525 km² constituem a cidade/zona urbana. Além disso, tem como limites São Miguel a sul, Encanto a leste e o estado do Ceará nas demais direções, sendo a norte com Ereré e a oeste com Pereiro. Possui um relevo bastante ondulado, o que torna o acesso irregular e constitui importante barreira de acesso para a garantia do processo de imunização. Pensando nisto, com o decréscimo da cobertura vacinal associada ao atual contexto de pandemia do COVID-19 e à possibilidade de controle da mesma através da redução de susceptíveis infecções por meio da imunização, a vacinação volante para todas as faixas etárias surge em Doutor Severiano/RN como uma importante estratégia para o avanço do processo de imunização principalmente em regiões isoladas, mais vulneráveis e/ou locais que apresentam barreiras ao acesso.

Objetivos

GERAL: Implementar a vacinação volante para aumento a cobertura vacinal, principalmente em regiões isoladas, áreas mais vulneráveis e locais que apresentam barreiras ao acesso, visando a contenção da disseminação do vírus SARS-CoV-2, especialmente nos grupos elegíveis para a vacinação. ESPECÍFICOS: Fortalecer ações desenvolvidas pelas equipes de APS para o alcance das metas de coberturas vacinais; Otimizar os recursos existentes por meio da operacionalização da vacinação; Romper barreiras de acesso na garantia de efetivação do processo de imunização.

Metodologia

A presente experiência visa descrever o processo relacionada à vacinação volante no município de Doutor Severiano/RN, com início em janeiro de 2021 e seguimento até os dias atuais conforme o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19. Para tanto, 3 equipes compostas por 3 profissionais cada (enfermeira, técnica de enfermagem e apoiadora) – além de motorista e carro exclusivo para este propósito – se dividiram nas microáreas das 3 Estratégias Saúde da Família. As vacinas eram realizadas no domicílio para todos os usuários acima de 60 anos. No decorrer, com a ampliação dos públicos-alvo, a estratégia de vacinação foi reavaliada e observou-se a necessidade de implantação de pontos fixos auxiliares, nos postos de saúde das Unidades de Saúde, com agendamento e divulgação prévia, visando a otimização do processo e minimização de perdas técnicas. As profissionais de cada equipe, junto as Técnicas de Enfermagem de cada Unidade de Saúde, se revezavam no acolhimento, organização do fluxo, monitoramento da temperatura da caixa térmica, aspiração de doses dos imunobiológicos, descarte de resíduos e orientações quanto aos efeitos adversos pós-imunização. Ainda, para facilitar o alcance e a busca ativa, as profissionais portavam listas nominais dos grupos prioritários e após a primeira dose, havia o aprazamento para a dose seguinte. Contou-se, ainda, com a equipe de Agentes Comunitários de Saúde para realizar a divulgação e acompanhamento deste processo.

Resultados

Diante da aplicação da estratégia relatada, até o presente momento (abril de 2022), segundo dados retirados do Sistema do RN+Vacina estão cadastrados um total 6473, que equivale a 89,7% da população cadastrada na base de dados do e-SUS Cadastro Individual – 7214 pessoas/usuários de saúde com faixa etária a partir de 5 anos. Ainda, de todo o público cadastrado no RN+Vacina, um total de 94,5% (6116) já receberam pelo menos a 1ª dose do imunizante e 87,5% (5666) já receberam pelo menos 2 doses. Do público contemplado com a 3ª dose (5493 pessoas acima de 18 anos), 66,4% (3647) já foram imunizados; e do público contemplado com a 4º dose (1152 pessoas acima de 60 anos), 32,6% (375) também já receberam a dose do imunizante, completando seu esquema vacinal. Os índices de imunização são considerados satisfatórios, visto que grande parte da população já recebeu pelo menos as duas primeiras doses dos imunizantes contra a COVID-19, e há necessidade de um intervalo mínimo de 4 meses entre a 2ª dose e a dose de reforço (3º dose), e desta para a 4º dose. Consideram-se, os bons índices de imunização, reflexo de um trabalho coletivo e multiprofissional, bem como o compromisso das instituições e profissionais envolvidos, e reforça a necessidade de fortalecer o trabalho junto à Estratégia Saúde da Família (PSF), aproximando a equipe profissional e a população.

Conclusões

Uma vez considerada a magnitude da Covid-19 como emergência em saúde pública de relevância internacional e seus impactos nos índices de morbimortalidade da população, a OMS reconhece essa fragilidade e recomenda esforços para garantir altas coberturas vacinais, buscando-se a proteção de rebanho para doenças imunopreveníveis, de forma que os programas de imunização devem adotar medidas inovadoras. Neste caso, a estratégia da vacinação volante, associada a utilização de Registros Informatizados de Imunização (RII) possibilitou uma maior eficiência dos serviços, por proporcionar a avaliação de coberturas vacinais e também auxiliar na prática rotineira, além de viabilizar a convocação de faltosos, aumentando assim a abrangência da imunização. Além disso, promoveu o rompimento de barreiras de acesso, além de promover a forma mais eficaz de frear a contaminação e o surgimento de novas variantes do coronavírus, que é a vacinação. Por fim, evidenciou-se a necessidade do monitoramento do plano de ação, bem como a supervisão e avaliação, importantes para acompanhamento da execução das ações planejadas, na identificação oportuna da necessidade de intervenções, assim como para subsidiar a tomada de decisão gestora em tempo oportuno.

Palavras-chave

Vacinação volante, imunizantes, Covid-19, SUS.