Apresentação/Introdução
A USF Ronaldo Aragão surgiu em 1994, tendo como objetivo principal o diagnóstico de malária. A partir de 2002 quatro equipes de saúde da família foram implantadas com o objetivo de prestar a assistência integral, contínua e de boa qualidade às necessidades de saúde da população adscrita, conforme a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). Buscando desenvolver o planejamento e a organização do processo de trabalho na unidade, com foco nas necessidades dos usuários, foi proposto o PlanificaSUS, projeto de Organização da Atenção Ambulatorial Especializada em Rede com a Atenção Primária à Saúde, que se identifica como um instrumento de gestão e organização da APS e da AAE na RAS, operacionalizado por meio da realização de workshops e oficinas tutoriais, sendo o público alvo todos os profissionais da APS e AAE, e demais profissionais da gestão e da linha de cuidado (gestantes e crianças), propondo a integração entre esses dois serviços por meio do compartilhamento de condutas, garantindo a atenção integralizada dos usuários. A continuidade do cuidado se torna um princípio garantido, tendo a USF como coordenadora desse processo e o CIMI como o serviço que dispõe de uma equipe especializada que trabalha o manejo das morbidades e outras situações que caracterizam o alto risco, com foco no tratamento adequado.
Objetivos
Objetivo Geral: Integrar a Atenção primária em saúde e a Atenção Especializada, buscando a redução da taxa de mortalidade materno e infantil. Objetivos Específicos: Facilitar a comunicação entre as equipes da unidade Ronaldo Aragão e do Centro Integrado Materno Infantil), por meio do compartilhamento do cuidado Proporcionar um atendimento de qualidade, garantindo a continuidade do cuidado em saúde Fortalecer a função assistencial desempenhado por uma equipe multiprofissional, frente ao manejo clínico da linha de cuidado priorizada. Facilitar compartilhamento do cuidado dos usuários acompanhados através da estratificação de risco individual, utilizando um plano de cuidado elaborado pela equipe multiprofissional
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência, sobre a implantação do modelo de atenção à saúde de gestantes e crianças menores de dois anos, como instrumento indispensável para a organização do cuidado na USF Ronaldo Aragão, localizada na região norte da cidade de Porto Velho – Rondônia. Este processo foi implantado através do instrumento de gestão: Planificação da Atenção a Saúde, iniciada no município em julho de 2019, com quatro unidades laboratório de referência. Foram criadas algumas ferramentas para operacionalizar a organização dos serviços: cadastramento, mapa de pessoal, estratificação de risco dos usuários em baixo, médio e alto risco, compartilhamento do cuidado que requer o comprometimento de ambas as equipes, agenda compartilhada dos usuários encaminhados, monitoramento da agenda para verificar o comparecimento do usuário ao atendimento e o plano de cuidado compartilhado que deve ser monitorado e atualizado no retorno do usuário. Outro aspecto importante foi a implantação do matriciamento conduzido pelos profissionais do CIMI, dando suporte aos profissionais da unidade, através de orientações no manejo adequado do público-alvo, baseado no modelo de atenção às condições crônicas (MACC), proposto por Eugênio Vilaça.
Resultados
A implantação do processo demonstra uma melhor organização e integração da rede de atenção para a linha de cuidado de gestantes e crianças menores de dois anos, além de uma mudança positiva no fluxo dos serviços, que não depende do sistema de regulação, proporcionando melhor agilidade na gestão do cuidado, de forma coordenada pela RAS, para que o usuário seja assistido integralmente. Foram organizados os macroprocessos: territorialização, cadastro das famílias, estratificação de risco e classificação de risco familiar. Até o presente momento, foram compartilhados através da estratificação de risco do grupo priorizado, um quantitativo de 131 gestantes e 52 crianças, através de um acesso que não é livre, devendo todos os usuários serem referenciados pelas equipes de saúde de acordo com os critérios e pactuações definidos. Entretanto, o usuário encaminhado não perde seu vínculo com a sua equipe de referência da USF e é simultaneamente assistido pelas duas equipes de saúde. Portanto, a coordenação do cuidado por meio do compartilhamento tornou-se progressivo, garantindo a atenção contínua e integrada, possibilitando que a equipe da unidade assuma com mais segurança o cuidado dos usuários com mais estabilidade clínica.
Conclusões
A experiência do compartilhamento do cuidado tem revelado a existência de lacunas a serem preenchidas dentro da RAS dos serviços envolvidos. É possível constatar que, apesar de não concluído integralmente, devido a pandemia do Covid-19, o Planifica SUS evidenciou que, apesar de apresentar avanços e mudanças no processo do cuidado, demonstrou limitações e ritmo lento para alcançar mudanças, especialmente atrelado aos indicadores de saúde, o que reflete nos índices de mortalidade materna e infantil. Isso está relacionado a algumas dificuldades que podem interferir nos resultados a serem alcançados, nos mecanismos da informatização da rede, no quantitativo dos recursos humanos, no fluxo e organização dos serviços, no registro das informações, na escassez da efetividade dos exames específicos da linha de cuidado, na responsabilização pelas atividades referentes ao cuidado. É fato que a integração entre a APS e AAE permite a identificação de usuários com alto risco de serviços especializados e até hospitalares, evidenciando estratégias para melhorar o uso dos recursos e reduzir os custos da atenção, além de dar mais ênfase à gestão de caso, incentivando a utilização de tecnologia da informação e impactando sobre os custos da atenção
Palavras-chave
Compartilhamento, Cuidado, Criança, Gestante.