Apresentação/Introdução
Este relato traz a experiência da consolidação do serviço chamado de porta de entrada no Presídio Regional de Pelotas, o qual é de suma importância para detectar precocemente agravantes na saúde dos apenados antes de ingressar no interior do PRP e assim tornando possível traçar estratégias de acompanhamento e tratamento para os mesmos. As precárias condições sanitárias e a carência de cuidado à saúde de forma integral no sistema prisional propiciam a aquisição ou o agravamento de doenças pré-existentes. Assim, os presos estão sujeitos a contrair doenças infectocontagiosas como: hepatite, HIV, sífilis além das outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Com a chegada da infecção por coronavirus houve a necessidade de adequar o acolhimento aos apenados no Presídio Regional de Pelotas, assim passou a ser usado o protocolo que denominamos de “porta de entrada”, onde todo o detento ficava em isolamento por 14 dias. Neste período, os mesmos eram testados para COVID-19 (teste rápido de anticorpos contra COVID-19 Iminoglobulina M e Iminoglobulina G) e também os testes rápidos para sífilis, HIV, Hepatite B e C. Após, os testes rápidos eram realizados conforme demanda e quando ocorriam testagens positivas os pacientes ficavam em isolamento e passavam/ começavam o tratamento.
Objetivos
Detectar agravantes na saúde dos apenados antes de ingressar nas galerias do Presídio Regional de Pelotas.
Metodologia
Quando o detento chega ao Presídio Regional de Pelotas, o acolhimento pela Equipe ocorre durante dias úteis no horário de funcionamento da Unidade de Saúde. No entanto, no período da pandemia foi instalado a Porta de Entrada, assim o detento ficava isolado de outros durante 14 dias. Neste período, os mesmos eram testados para COVID-19 (teste rápido de anticorpos contra COVID-19 Iminoglobulina M e Iminoglobulina G) e também os testes rápidos para sífilis, HIV, Hepatite B e C. Após, os testes rápidos eram realizados conforme demanda e quando ocorriam testagens positivas os pacientes ficavam em isolamento e passavam pelo tratamento Antes da implantação desse protocolo a equipe tinha dificuldade de fazer essa triagem, já que o fluxo de ingresso no PRP é constante e a equipe nem sempre conseguia realizar a triagem nos novos egressos.
Resultados
Foram realizados um total de testes rápidos de 306 em 2019, 2208 em 2020 e 1758 em 2021. Em 2019 a prevalência de testes positivos foi de 2 para HIV e 4 para sífilis. No ano de 2020 houve um aumento na prevalência de testes positivos, 22 apenados testaram positivo para HIV, 19 para sífilis, 2 para hepatite B e 7 para hepatite C. No ano de 2021, 6 apenados testaram positivo para HIV, 29 para sífilis, e 4 para hepatite C. Os resultados mostraram que o número de testes realizados em 2020 e 2021 foi muito maior que aqueles realizados em 2019. Isso é importante salientar porque a partir da organização de um protocolo simples de triagem (Porta de Entrada), instalado em Abril de 2020, foi ampliada a testagem e consequentemente mais diagnósticos de infecções sexualmente transmissíveis (IST) foram realizados.
Conclusões
A estratégia da Porta de entrada no Presídio Regional de Pelotas possibilitou a prevenção das ISTs, a detecção precoce e seu tratamento. Tendo em vista as dificuldades de acesso dessa população ao sistema de saúde e a baixa adesão ao diagnóstico e tratamento precoce, o período de encarceramento se mostra uma oportunidade para diagnóstico de ISTs e realização de tratamento adequado.
Palavras-chave
Pessoas privadas de liberdade, Atenção Primaria