Apresentação/Introdução
Com o início da pandemia causada pelo vírus da covid-19 houve a preocupação com o público residente nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) privadas no município de Cunha Porã, sendo: MB Casa Lar Sonho de Anjo, Pousada Feliz e Aconchego da Melhor Idade. A partir da publicação das legislações dos órgãos de saúde do Estado de Santa Catarina, para a prevenção e controle de infecções pela covid-19 em ILPIs, a Secretaria Municipal da Saúde, através da Vigilância Sanitária (VISA), iniciou os trabalhos de orientação no dia 16 de março de 2020 que perdurou até março de 2022. Para tal, notou-se a necessidade do uso do aplicativo WhatsApp para maior agilidade no repasse das informações, e assim evitar a entrada da covid-19 nessas ILPIs. As instituições foram fiscalizadas pela VISA e determinado a proibição da visitação de familiares aos residentes. As ILPIs intensificaram também o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) pelos profissionais, já que alguns destes trabalhavam em outros estabelecimentos de saúde. Por se tratar de uma nova doença viral, de fácil transmissão, por não haver tratamento específico e de acordo com as informações técnicas, ser mais letal em pessoas idosas, o trabalho realizado em conjunto com essas instituições teve como propósito a conscientização desse público na prevenção da doença e de possíveis óbitos por coronavírus.
Objetivos
Conscientizar as três Instituições de Longa Permanência para Idosos do município de Cunha Porã, da importância da aplicação das legislações afim de evitar a disseminação da covid-19. Prevenir a transmissão e evitar possíveis óbitos por coronavírus dos residentes nas ILPIs do município de Cunha Porã.
Metodologia
A Secretaria Municipal da Saúde de Cunha Porã, através da VISA, sentiu a necessidade de proteger os idosos residentes nas ILPIs. No decorrer da pandemia, legislações foram emitidas pela Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina que tratavam da necessidade da adoção das medidas de prevenção e mitigação em ILPIs, de modo a minimizar o risco da disseminação do vírus nestes estabelecimentos. Inicialmente, as três instituições foram contatadas, criando-se um grupo de WhatsApp, ferramenta que possibilitou rapidez no repasse das informações contidas nas legislações. Os responsáveis pelas instituições compreenderam a gravidade da situação e se prontificaram a seguir as normas sanitárias. A VISA visitava as ILPIs para verificar o cumprimento da legislação e orientar os trabalhadores, que demonstravam a preocupação no uso correto dos EPIs. A principal determinação exigida pela VISA foi a proibição de visitas de familiares e demais pessoas estranhas à instituição, assim, foi adotada a vídeo-chamada como forma de comunicação entre os residentes e seus familiares. Outra determinação para as ILPIs foi a proibição do consumo de chimarrão, que poderia servir de meio de vinculação de doenças, passando a adotar o consumo de chás, que foi intensificado para manter a hidratação dos residentes. Em janeiro de 2021, com o início da vacinação para covid-19, houve um acompanhamento nas instituições para garantir que 100% dos residentes fossem vacinados, incluindo os trabalhadores.
Resultados
A experiência descrita neste trabalho reforça a importância das fiscalizações da VISA, bem como a sua agilidade na aplicação da legislação. O uso do WhatsApp foi importante na pandemia para agilizar todo o trabalho de divulgação da legislação e como forma de comunicação. O comprometimento por parte das instituições em acatar e pôr em prática as orientações, demonstrou a importância do trabalho em conjunto com o órgão fiscalizador. Durante o período desta experiência, as ILPIs tiveram uma média anual de 62 residentes. Apesar do cumprimento das medidas restritivas pelos trabalhadores e responsáveis das instituições, 35% dos residentes positivaram para o coronavírus e 3,2% foram a óbito, dados estes obtidos pelo Sistema de Informação Estadual de Risco e Benefício Potencial – ILPI (SIERBP-ILPI) e na plataforma de notificação e-SUS Notifica. O isolamento dos idosos até a vacinação foi outro item relevante para o controle da disseminação da doença, uma vez que os residentes positivaram após a primeira dose da vacina e consequentemente com o relaxamento das medidas restritivas determinadas pela legislação. Neste caso foi de suma importância a vacinação em massa, pois a maioria dos idosos contraíram a forma mais branda da doença.
Conclusões
Analisando a pandemia causada pelo coronavírus em nível de país e com um alto índice de casos e de óbitos no estado de Santa Catarina, consideramos que o trabalho realizado pela VISA deste município mostrou eficiência na conscientização das instituições, pois não houve contaminação pela covid-19 e consequentemente óbitos no primeiro ano da pandemia. A partir do segundo ano da pandemia, a vacinação da covid-19 demonstrou ser de extrema importância, pois evitou os casos graves da doença e hospitalizações, não foi possível obter 100% no controle da disseminação do coronavírus e consequentemente óbitos nas instituições, pelo motivo de que a maioria dos residentes são vulneráveis e por possuírem comorbidades. Com essa experiência, pôde se comprovar que a prevenção não medicamentosa: como distanciamento social, higiene das mãos, uso de máscara e vacinas são ferramentas básicas, de baixo custo e eficazes para a prevenção da transmissão de doenças virais como a covid-19.
Palavras-chave
ILPI, pandemia, covid-19, VISA, residentes, vacina