Apresentação/Introdução
No início do ano de 2020, durante o período da pandemia da COVID-19, o município de Fraiburgo iniciou a reorganização dos seus serviços para garantir maior segurança aos profissionais e qualidade no atendimento dos pacientes. Neste contexto as gestantes, consideradas grupos de risco necessitavam de um olhar diferenciado, para que pudessem dar continuidade a assistência ao pré-natal com segurança. Foi então que em maio de 2020, o município de Fraiburgo implantou a Unidade de Referência para a Assistência ao Pré-natal, sendo as gestantes acolhidas e atendidas por equipe especializada formada por enfermeiro obstetra e médico ginecologista/obstetra. Com a implantação deste serviço foi elaborado um fluxograma de atendimento entre as equipes saúde da família que são responsáveis pela captação das pacientes, pelo diagnóstico de gravidez por meio de testes rápidos e pelo agendamento do início do pré-natal na unidade de referência. Após alguns meses da implantação do serviço, observou-se um salto na qualidade do atendimento prestado a estas gestantes, sendo este serviço mantido mesmo após a estabilização do cenário epidemiológico. Atualmente houve ampliação do serviço que conta com duas equipes com a mesma formação, para atendimento das gestantes do município. Além da reformulação do protocolo municipal garantindo uma assistência de pré-natal de qualidade.
Objetivos
Melhorar a qualidade da assistência ao pré-natal Reduzir a morbimortalidade do binômio mãe e filho
Metodologia
Baseado nas notas técnicas que direcionavam as ações para enfrentamento da pandemia, foi identificado a necessidade de proporcionar uma assistência segura para garantir as gestantes um acompanhamento de pré-natal adequado e de qualidade. Ciente desta necessidade, foi executado as seguintes etapas: 1) Identificação que a Secretaria Municipal de Saúde de Fraiburgo possuía em seu quadro funcional enfermeiros obstetras e médicos ginecologistas/obstetras que poderiam ser direcionados para atendimento deste público 2) Organização do espaço físico para atendimento das gestantes 3) Reorganização e controle de todas as gestantes do município no que tange a qualidade do seu pré-natal, sendo sinalizadas por cor conforme a área de abrangência do ESF e aos sinais e sintomas de risco 4) Revisão do Protocolo Municipal de Assistência ao Pré-natal 5) Ampliação do rol de exames a serem ofertados pelo SUS as gestantes 6) Ampliação do serviço e descentralização para outra região do município 7) Organização do fluxograma entre as equipes saúde da família e a unidade de referência ao pré-natal, garantindo a continuidade do vínculo e o trabalho multidisciplinar 8) Realização de acolhimento e orientações via WhatsApp, reduzindo as inseguranças e aumentando o vinculo com a equipe.
Resultados
Desde o início da reorganização da assistência ao pré-natal na APS houve uma redução de 30% do número de partos prematuros quando comparados ao ano anterior da implantação, redução de 53% do número de gestantes com menos de 6 consultas de pré-natal, redução de 18% dos bebês com baixo peso ao nascer, ou seja, menos de 2,5kg. Estes resultados são frutos de um trabalho em equipe, entre as equipes saúde da família e as equipes de referência ao pré-natal. A incorporação do enfermeiro obstetra e do médico ginecologista/obstetra na assistência ao pré-natal qualificou a assistência prestada e através da revisão do protocolo municipal foi possível incorporar exames tais como: vitamina D, que auxilia na formação da placenta TSH que tem estreita relação entre a função hormonal e o aborto, TOTG como rastreio para todas as gestantes, seguindo o novo protocolo da Febrasgo, possibilitando a identificação e o tratamento das diabetes melittus gestacional, além dos exames ultrassonográficos que anteriormente eram autorizados um exame/gestação e atualmente são liberados três exames, com exceção das gestantes de alto risco que realizam todos os exames necessários. Com a inclusão de exames de apoio diagnóstico houve melhora nas avaliações de alteração de pressão arterial e o rastreio de pré-eclâmpsia.
Conclusões
Com a pandemia do novo coronavírus, as mulheres foram particularmente afetadas pelas interrupções dos serviços de saúde reprodutiva e materna. “De acordo com a indicação da ONU, até 20 milhões de mulheres nas Américas tiveram seu controle de natalidade interrompido durante a pandemia, seja porque os serviços não estão disponíveis ou porque as mulheres não podem mais pagar pela contracepção”. Neste contexto, o município de Fraiburgo diferente da realidade de quase metade dos países das Américas, ao invés de interromper a assistência as gestantes, implementou e reorganizou o serviço, garantindo a continuidade da assistência de forma segura e com mais qualidade e obtendo resultados muito positivos, já que não houve nenhum óbito de gestante e nem complicações decorrentes por COVID-19. A gestante atendida na integralidade, possui acompanhamento de enfermagem, médico e odontológico. Além de toda a preparação da gestante para o parto e a amamentação. A inclusão dos profissionais com especialização em obstetrícia, trouxe maior segurança as gestantes, além do olhar técnico e acolhedor sobre o seu papel neste momento tão importante na vida de uma mulher.
Palavras-chave
pré-natal, atenção primária