Apresentação/Introdução
As urgências odontológicas podem ser oriundas do comprometimento da função mastigatória, traumatismos dentários, afecções da mucosa bucal e, em sua grande maioria, estão relacionadas à infecções agudas de origem periodontal ou endodôntica. Desta maneira, os Serviços Odontológicos de Urgência (SOU) vêm se consolidando como integrantes fundamentais da rede de atenção à saúde bucal (RASB) pois possibilitam o atendimento a populações mais vulneráveis que não conseguem acesso ao tratamento odontológico de rotina, além de preencher o vazio deixado pelos serviços odontológicos que fecham durante a noite e finais de semana. Por outro lado, a busca pelos SOU, além do alívio da dor ou desconforto, pode refletir a necessidade de ajuste na RASB, seja em sua organização ou cobertura. Avaliar os fatores relacionados à utilização dos SOU no SUS é importante para o planejamento de ações de intervenção com o objetivo de promover melhorias no acesso e na qualidade do atendimento.
Objetivos
Avaliar a integração entre o SOU e a RASB e propor estratégias para ampliar sua comunicação e melhorar os fluxos de atendimento para potencializar a resolutividade dos atendimentos.
Metodologia
A pandemia da COVID-19 impactou profundamente a atividade odontológica. Em março de 2020 ocorreu a suspenção dos atendimentos eletivos em todo o estado de São Paulo, sendo executados apenas os atendimentos de urgência, pautado pela mínima geração de aerossol. Com o tempo, houve a necessidade de buscar estratégias para iniciar a retomada destes atendimentos. O grupo gestor, formado por profissionais cirurgiões-dentistas e auxiliares de saúde bucal dos diversos pontos de atenção da RASB municipal teve a responsabilidade de realizar estudos e conduzir as diretrizes para a retomada gradual dos atendimentos eletivos. Um dos pontos considerados foi avaliar a articulação entre o SOU e a RASB com a finalidade de diminuir o fluxo de usuários nas unidades básicas de saúde, minimizando deslocamentos desnecessários e ampliando a resolutividade dos casos que necessitavam de continuidade do cuidado para sua completa resolução, levando em conta as recomendações de biossegurança dos órgãos sanitários.
Resultados
Pôde-se verificar que a AB não recebia nenhuma informação sobre a utilização do SOU pelos usuários de sua área de abrangência. O paciente atendido pelo SOU era orientado verbalmente pela equipe a buscar atendimento de rotina na unidade de saúde mais próxima de sua moradia. Além disso, como os registros do atendimento eram feitos em prontuários físicos apenas, a RASB não conseguia ter acesso aos procedimentos e condutas realizadas pelo SOU, dificultando a comunicação em rede. Para diminuir a fragmentação identificada foram utilizadas planilhas online para que o SOU relatasse os procedimentos realizados no atendimento, identificando também a unidade de saúde de referência do usuário. Assim, através do compartilhamento dessas informações com toda a AB, cada unidade de saúde teve condições de identificar os pacientes residentes em sua área de abrangência que utilizaram o SOU e realizar a busca ativa para avaliar a necessidade de novo atendimento e solucionar a demanda pontual diariamente.
Conclusões
A redução da fragmentação assistencial e da comunicação ineficiente contribuíram para a longitudinalidade do cuidado e fortalecimento da AB. A introdução de fluxogramas e meios para o compartilhamento de informações sobre a conduta realizada pelo SOU para a AB de referência do usuário proporcionou seu acompanhamento regular, com a garantia de atendimento oportuno para concluir a demanda pontual, além de integrar os serviços para o trabalho em rede.
Palavras-chave
Serviços de Saúde Bucal; Assistência Odontológica