Apresentação/Introdução
A pandemia de COVID-19 exacerbou o papel protetor da escola e do acesso à educação, nos determinantes sociais de saúde das crianças e adolescentes. A redução na renda e dificuldade na compra de alimentos saudáveis, o tempo prolongado de isolamento e a falta da escola na rede de apoio à prevenção das violências deixam marcas profundas nos escolares, em especial das famílias mais vulneráveis. A permanência das escolas fechadas por mais de 200 dias, em 2020, reforçou o estigma de local de risco para o novo coronavírus. A necessidade do retorno às aulas presenciais com segurança, preservando a vida e a saúde trouxe à APS uma tarefa urgente: garantir e acompanhar essa retomada. Com 82% das crianças e adolescentes no ensino público e todas as escolas pactuadas no Programa Saúde na Escola, este se torna estratégico na garantia da escola como um ambiente saudável e seguro no município. O presente relato traz as ações desenvolvidas para garantir a saúde dos escolares, servidores e, por extensão, suas famílias.
Objetivos
Capacitar, apoiar e acompanhar todas as escolas municipais de Santana de Parnaíba, com vistas ao enfrentamento da pandemia de COVID-19. Específicos: 1.Capacitar a comunidade escolar sobre o tema; 2. Apoiar in loco a execução dos protocolos sanitários; 3. Acompanhar casos suspeitos da comunidade escolar; 4. Informar publicamente a situação da COVID, por escola; 5. Realizar busca por escolares não vacinados.
Metodologia
Início a partir da retomada das aulas da Educação Infantil, dezembro de 2020, com Capacitação online para Prevenção do Coronavírus aos gestores escolares, além de fluxo para casos suspeitos e produção de material de apoio. No início do ano letivo, quatro ações foram fundamentais no monitoramento das escolas: 1.Criação do formulário de comunicado de suspeita de COVID, para a escola informar dados pessoais para o PSE; 2. Realização diária de contatos telefônicos com coleta de informações sobre início de sintomas, contactantes, realização do PCR-RT, e orientações sobre a rede de saúde disponível; 3. Acompanhamento diário dos resultados de exames; 4. Organização de planilha com as informações coletadas, utilizada para tomada de decisão, como suspensão de atividades presenciais; Foi produzida a Cartilha: Volta às Aulas Segura, com apoio da Coordenação de Saúde da Criança, VE e VISA. A partir de maio de 2021, com o retorno das aulas, houve ampliação das ações: Capacitação presencial voltada aos gestores, com participação da comunidade escolar; Visitas apoiadoras pela equipe de enfermagem com entrega do certificado “Escola Segura”, se cumpridos os protocolos; Criação de site para facilitar acesso aos materiais de saúde, como o conteúdo das capacitações; Dashboard atualizado em tempo real acessível à população; Identificação de escolares não vacinados de 12 a 17 anos a partir da liberação das vacinas em outubro de 2021 e vacinação nos colégios.
Resultados
Nesta ação, foram acompanhados 31000 crianças e adolescentes, e 4802 trabalhadores, totalizando 35802 pessoas do universo escolar. Todas as 69 escolas municipais participaram das capacitações virtuais e presenciais e receberam material de apoio. Todas receberam as Visitas Apoiadoras, sendo que 2 receberam uma nova visita, por solicitação das mesmas. Do total, 60 escolas receberam o certificado de “Escola Segura”. Foram monitorados 1466 comunicados de casos de COVID, com 342 positivos (23,26%), até novembro de 2021. Foram realizados 1511 contatos telefônicos, sendo 1285 de primeiro contato, para coleta de informações como início dos sintomas, dias de afastamento médico, exames, estado atual de saúde e orientações sobre a rede de saúde disponível para os cuidados do paciente, e 226 contatos de retorno, para verificação de exames e outras orientações, até novembro de 2021. Houve suspensão das atividades presenciais em 34 salas e 1 escola, com retorno conforme cada caso e baseado no monitoramento, com média de 8,7 dias de afastamento. O quadro interativo está mantido público no site da prefeitura, desde maio de 2021 até o presente momento e as ações de monitoramento também seguem acontecendo.
Conclusões
Ampliar ações de Vigilância em Saúde através da escola contribui para a rede de cuidados em saúde das crianças e adolescentes. A utilização de ferramentas de tecnologia para monitoramento em tempo real facilita as tomadas de decisão e precisa ser ampliada na APS. Ao mesmo tempo, o contato telefônico propicia escuta e permite o olhar integral ao indivíduo, que não deve ser perdido em detrimento da tecnologia. A colaboração conjunta de setores como as Secretarias de Educação, Tecnologia da Informação, Casa Civil e a Promotoria de Justiça traz ganhos à setor saúde no enfrentamento de uma emergência como a pandemia de COVID-19.
Palavras-chave
programa saúde na escola, covid 19, monitoramento