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Rio Claro - SP

ACOMPANHAMENTO INTERDISCIPLINAR DE BEBÊS DE MÃES INFECTADAS COM SARS-COV-2 DURANTE A GESTAÇÃO

Autor(a): GIOVANA CESTARO

Coautor(a): Vânia Daniela Ramos da Silva, Letícia Andriolli Bortolai, Regiani Elvira Fosatto Luiz, Juliene Patrícia Antonio

Ano: 2022

Apresentação/Introdução

O Acompanhamento ao Bebê de Risco, no Centro Especializado em Reabilitação “Princesa Victoria” de Rio Claro (SP) é realizado desde o ano de 1998, com objetivo de identificar precocemente os desvios do desenvolvimento típico, orientar as famílias e encaminhar para atendimento especializado. Os bebês são avaliados e acompanhados por equipe interdisciplinar: fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudióloga, psicóloga, pedagoga, fisiatra, ortopedista, oftalmologista e neuropediatra. No ano de 2020 foi inserido no acompanhamento, bebês de risco cujas mães testaram positivo para Covid 19, considerando que o contágio por doenças infecto-contagiosas durante a gestação pode indicar risco de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) do bebê, como observado nos casos de sífilis, toxoplasmose, entre outras, decidiu-se que, pela incerteza da evolução dos casos de COVID-19 e da possibilidade do contagio vertical, essa demanda passaria a ser acompanhada, podendo verificar a ocorrência, ou não, de possíveis atrasos.

Objetivos

Acompanhar o recém-nascido cujas mães tiveram Covid19 durante a gestação, identificar precocemente os desvios do desenvolvimento, orientar os pais e/ou cuidadores sobre o DNPM, alimentação, relação socio-afetiva, e quando necessário encaminhar para atendimento especializado e estimulação.

Metodologia

Os bebês identificados como bebê de risco na faixa etária de 0 à 11 meses, são encaminhados pelas maternidades, unidades básicas de saúde e SEPA, para acompanhamento. Os bebês são agendados para avaliação através da Central Municipal de Regulação no CER-PV, com médica neuropediatra ou fisiatra. Após avaliação e verificado os critérios de elegibilidade, é realizado o agendamento da avaliação com a equipe interdisciplinar. Para atender a demanda existem três equipes, formadas por 3 a 4 profissionais. Quando necessário, são realizados encaminhamentos médicos internos ou demais especialidades na rede municipal. As avaliações na equipe interdisciplinar englobam as habilidades motoras, sensoriais (visual e auditiva), linguagem, cognição e psicossocial. Após as avaliações, os responsáveis são informados sobre o desenvolvimento da criança e orientados sobre estratégias para estimulá-lo. As avaliações são trimestrais e ocorrem até os 12-15 meses. Caso seja observado um desenvolvimento abaixo do esperado, o intervalo entre as avaliações pode ser reduzido e/ou iniciado o acompanhamento terapêutico com profissional da área que foi identificado o atraso. Após essa etapa, a criança retorna para reavaliação aos 2 anos e 6 meses e aos 3 anos e 6 meses, podendo receber alta do acompanhamento, mantendo apenas as consultas com neuropediatra, anualmente, até os 6 anos, onde nessa fase será solicitada a avaliação psicopedagógica.

Resultados

No Núcleo de Avaliação, acompanhamento e estimulação precoce do Bebê de Risco são inseridos bebês com os seguintes critérios: prematuridade, baixo peso ao nascer, doença infecto-contagiosa materna, intercorrência no nascimento (anóxia neonatal, icterícia, desconforto respiratório), síndromes genéticas e má formações. E em 2020, foram incluídas crianças, cujas mães tiveram infecção por SARS-CoV-2 durante a gestação. No período de novembro/2020 a junho/2021 foram encaminhados 19 bebês cujas mães tiveram Covid19 durante a gestação. Destes bebês, 52% das mães foram infectadas no último trimestre gestacional, 26% tiveram parto prematuro e 26% dos bebês apresentaram exame sorológico de Covid com IgG positivo. Com relação ao DNPM, não foram observados atrasos e/ou alterações, até o momento, diretamente relacionada com a exposição à Covid. No período de julho/2021 até janeiro de 2022 foram encaminhados ao CER-PV mais 15 bebês de mães tiveram Covid19 durante a gestação.

Conclusões

O acompanhamento precoce da criança possibilita a identificação das alterações no desenvolvimento neuropsicomotor e os indicadores de risco, sejam eles orgânicos e/ou ambientais. Devido ao desconhecimento da transmissão vertical da COVID-19, da gestante para o bebê, e as incertezas das sequelas e impacto no desenvolvimento infantil, é importante o acompanhamento destas crianças pois, a partir daí, são possíveis ações preventivas, de intervenções e de orientações às famílias, afim de minimizar os riscos e prevenir possíveis complicações, assim como o seguimento longitudinal destes casos.

Palavras-chave

Bebê de Risco, estimulação precoce, Covid 19