Apresentação/Introdução
O município de Campinas vem empreendendo esforços na reestruturação da Atenção Primária à Saúde (APS), buscando a ampliação do número de equipes de Saúde da Família (eSF) e implementação de equipes de Núcleos Ampliados de Saúde da Família (eNASF). Em 2015, foi iniciada a ampliação das eNASF e a partir de 2020 foram contratados novos profissionais para trabalhar em parceria com outros especialistas que já atuavam na APS. Com isso houve uma ampliação do número de equipes NASF no município de seis para trinta e uma. Além disso, em 2020 foi implantado o Programa Mais Médicos Campineiro, que é um Programa de Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade em parceria com outras instituições formadoras e foi ampliada a Residência Multiprofissional em Saúde – Eixo Atenção Primária à Saúde, com inclusão de categorias profissionais que se incorporaram às eNASF. Este processo de reestruturação vinha sendo discutido com a gestão regional e gestão local desde 2017 e em 2020 foi publicizado um documento orientador para o processo de Qualificação da APS na Rede Básica do SUS Campinas. Visando ampliar a discussão, um processo educacional participativo fez-se necessário tanto para o balizamento das novas diretrizes, como para complementar a qualificação profissional, no sentido de ter novas eNASF em sintonia com as diretrizes apontadas no documento. Este processo formativo recebeu a denominação de Rodas de Conversa: Potencializando a Política de Atenção Primária à Saúde no município
Objetivos
1.Promover processo crítico-reflexivo, participativo e promover a contextualização sobre a Atenção Primária no município; 2.Aprofundar a compreensão das principais diretrizes técnicas e operacionais da SMS Campinas para a APS, com balizamento dos conceitos fundamentais e instrumentos para o trabalho das equipes, possibilitando reflexão e qualificação de suas práticas; 3.Enfatizar a articulação eSF e eNASF no cotidiano do cuidado em seus territórios de atuação, promovendo a integração e trocas de experiências entre as equipes de diferentes territórios; 4.Oportunizar alternativas para a qualificação do trabalho interprofissional e de práticas colaborativas entre profissionais e equipes.
Metodologia
O primeiro passo foi a estruturação de um Grupo Condutor com representação do Departamento de Saúde, Distritos e Centro de Educação dos Trabalhadores da Saúde (CETS), que se responsabilizou pela elaboração do Projeto, definição dos temas e programação das Rodas de Conversa (RC). Foram programadas três RC, com duração de quatro horas cada, organizadas em 15 diferentes grupos de trabalho, integrando territórios de dois a três distritos distintos. Em cada grupo foram incluídos todos os profissionais atuantes em pelo menos duas eNASF, representantes das eSF vinculadas a estas e coordenadores das unidades de saúde, compondo grupos de 35 a 50 profissionais. Para cada Grupo houve a proposição de duplas ou trios de facilitadores, sendo que antes da realização das RC houve encontros de balizamento pedagógico e temático, de forma que a condução das RC ocorresse de forma harmoniosa. Foram também constituídos Grupos Executivos, com a participação de todos os facilitadores de cada grupo, que a partir dos pactos estabelecidos nas reuniões do Grupo Condutor, tiveram a responsabilidade de preparar, adequar e detalhar como seria realizada a RC nos respectivos territórios.
Resultados
As Rodas de Conversa foram realizadas no período de setembro a dezembro de 2021, tendo a inscrição de 627 profissionais, sendo 356 de e-NASF, 204 de eSF e 67 coordenadores locais. Na RC 1, que contou com a participação de 512 profissionais e 62 facilitadores, trabalhou-se o tema Modelo da APS no SUS Campinas: ênfase nas eNASF. Na RC 2, o tema foi Trabalho interprofissional e práticas colaborativas na APS: estratégias para qualificação do cuidado integrado e contou com a participação de 427 profissionais e 51 facilitadores. A RC 3 teve como tema Dispositivos e ferramentas de abordagem familiar e coletiva e contou com a participação de 372 profissionais e 55 facilitadores. Ao final de cada RC foi realizada avaliação de reação e avaliação individual posterior por meio de formulário google. De maneira geral, o processo foi bem avaliado pelos participantes, com reconhecimento de que foi um espaço potente de diálogo, propiciando trocas de experiências entre trabalhadores, gestão local, distrital e central. Houve alguns apontamentos de preocupação em relação às necessárias mudanças a serem realizadas no processo de trabalho e pedido de continuidade do processo.
Conclusões
Tanto o processo em si, quanto as avaliações feitas reforçam que as Rodas de Conversa se configuram como potente estratégia de educação permanente em saúde, propiciando o compartilhamento de experiências entre os participantes e a explicitação de aspectos que demandam transformação. Fica também evidente a necessidade de apoio e/ou facilitação in loco para que estas transformações sejam realizadas.
Palavras-chave
Educação Permanente Saúde, Atenção Primária Saúde