Apresentação/Introdução
Modelos contra-hegemônicos vêm ganhado espaço e atenção da mídia, da comunidade médica, de órgãos governamentais e do público em geral, refletindo mudanças nas necessidades e valores da sociedade. Ao mesmo tempo, modelos tradicionais têm sofrido críticas por não responder a agravos da sociedade moderna, abrindo espaços para construção de novas práticas na contramão da lógica medicalizante.
Objetivos
Aplicar as Práticas Integrativas e Complementares (PIC) como alternativa de tratamento da dor crônica e como estratégia do uso racional de medicamentos na Atenção Básica.
Metodologia
Projeto para aplicar PIC como alternativa para o tratamento da dor crônica na UBS Jardim ABC, Diadema, dentro do Plano de Ação Regional de Educação Permanente em Saúde. Iniciou em janeiro/2018, com duração de 08 semanas. As 17 participantes realizaram práticas corporais (Lian Gong), grupos terapêuticos e agulhamento a seco. O agulhamento a seco é uma técnica em que agulhas (da acupuntura) são utilizadas para desativar pontos-gatilho, ou pontos dolorosos para promover relaxamento muscular. Foi aplicado instrumento para avaliação da qualidade de vida (SF-36) no início e no final do projeto. A estratégia era associar PIC ao acompanhamento multiprofissional e avaliar sua eficácia nesta população
Resultados
As participantes eram mulheres (32 e 68 anos) com história de dor há mais de cinco anos. A maioria (88%) usavam: 73% antidepressivos, 53% analgésicos e 47% anti-inflamatórios. Destas, 47% não tinham prescrição médica. A qualidade de vida (QV) foi medida nos oito domínios do instrumento SF-36. Os domínios “limitação por aspecto emocional” e “limitação por aspecto físico” eram os mais afetados. Os indicadores de QV estavam muito abaixo da média da população e da média de pacientes com Síndrome Fibromiálgica. No final, houve melhora no indicador “limitação por aspecto emocional” (200%) e “por aspecto físico” (155%), 70% no indicador de vitalidade e 30% na capacidade funcional das pacientes.
Conclusões
A dor crônica é um problema de saúde pública com impacto negativo na QV das pessoas. As PICs utilizadas neste projeto foram capazes de trazer melhoras significativas nos indicadores de QV das pessoas com dor crônica. Priorizar a implantação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares na Atenção Básica pode ser importante estratégia terapêutica e pode subsidiar o uso racional de medicamentos no manejo da dor crônica.