Apresentação/Introdução
De acordo a Organização Mundial de Saúde (OMS), todos os recém-nascidos (RN) com idade gestacional maior que 22 semanas e menor que 37 são classificados como recém-nascidos pré-termo (RNPTs), sendo que a média de nascimentos prematuros no Brasil é de 10%. Essa é uma população frágil e de alto risco para o desenvolvimento de morbidades, contribuindo significativamente para a manutenção dos índices de mortalidade infantil. O cuidado ao RNPT exige conhecimentos específicos e direcionamento da assistência às suas necessidades, com foco no período de internação, estendendo-se ao ambiente domiciliar. Dada a importância atribuída à qualidade do cuidado domiciliar como garantia à manutenção da saúde dessa população de risco, surgiu o projeto Coala, Sobral/CE, 2013, criado com base na análise dos óbitos de prematuros ocorridos que mostrava uma elevada mortalidade dos RN que permaneciam internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), devido principalmente à infecção hospitalar.
Objetivos
Antecipar a alta hospitalar dos RN que ficam internados apenas para ganho de peso, visando reduzir o tempo de exposição às infecções hospitalares.
Metodologia
O projeto garante o acompanhamento dos RN por meio de uma rotina de visitas domiciliares semanais realizadas por uma médica e uma enfermeira especialistas em neonatologia. O Projeto conta com a participação da equipe de saúde da família: o Agente Comunitário de Saúde faz a visita domiciliar diária, inclusive nos fins de semana, o técnico de enfermagem faz as visitas de acordo com a evolução do RN, a enfermeira além de receber as informações da equipe sobre o RN, faz as visitas e mantém a articulação com as profissionais do Projeto. Nas visitas domiciliares é feito a avaliação do peso e das condições de vitalidade do RN, além de orientação sobre os cuidados com o bebê, principalmente em relação ao aleitamento materno, orienta-se que o recém-nascido seja mantido na posição "canguru". Os equipamentos disponibilizados pelo Projeto são: balança, termômetro e glicosímetro. As ações do projeto acontecem de forma contínua.
Resultados
Desde da implantação do Projeto (2013) até novembro de 2021 foram acompanhadas 620 da zona urbana e rural de Sobral. Redução do número de óbitos infantis de 55 (2013) para 29* (*dados atualizados em 05/02/2022) em 2021. Redução da Taxa de Mortalidade Infantil de 16,82 (2013) para 6,44 em 2019 e 9,8 em 2021 (período pandêmico). O acompanhamento domiciliar dos prematuros e recém-nascidos de baixo peso tem mostrado ser uma excelente alternativa para evitar a permanência desses bebês em unidades hospitalares e para fortalecer o vínculo mãe/filho, aumentar a prevalência do aleitamento materno e, principalmente, reduzir a mortalidade neonatal precoce. Além disso, é uma alternativa com uma excelente relação custo/benefício. O Projeto Coala e a Estratégia Saúde da Família representam uma rede de apoio aos familiares no cuidado domiciliar da criança prematura. Efetividade do cuidado multiprofissional assegurando o cuidado integral aos prematuros e as famílias.
Conclusões
A mortalidade infantil no Brasil é uma questão social pois é na população mais pobre que as taxas são mais elevadas. A incorporação de tecnologias duras de ponta sem recursos humanos adequados não tem impacto. Novas tecnologias leves devem ser desenvolvidas para atender essa população. O Coala é uma tecnologia simples barata que pode ser reproduzida em muitos locais liberando leitos de UTI e de Canguru para outros RN com grande impacto na mortalidade infantil.
Palavras-chave
Recém-Nascido Prematuro Atenção à Saúde