Apresentação/Introdução
O serviço de emergência pode ser apontado como o de maior complexidade da assistência à saúde no Brasil, é visível o desequilíbrio entre procura e oferta por atendimento nesses serviços, fazendo-se necessário a reorganização do processo de trabalho. Para mais, a atividade deve ser concomitante a um sistema de regulação com referência e contrarreferência, dirigida ao atendimento ambulatorial e à classificação dentro do ambiente hospitalar, propiciando locais de seguimento e continuidade do cuidado após o atendimento no serviço de emergência. Substituindo a triagem excludente por um modelo de classificação acolhedor e humanizado. O acolhimento com classificação de risco foi implantado no Hospital Municipal Dom Aloísio Lorscheider no mês de julho de 2021 pela gerência de enfermagem, com apoio da equipe de enfermagem. O Hospital Municipal Dom Aloísio Lorscheider fica localizado no município de Guaiúba, região metropolitana de Fortaleza, capital do Ceará. Fundado no ano de 1994. Até julho de 2021 não existia um fluxo correto de direcionamento do paciente que procurava o pronto atendimento (PA). O usuário chegava ao PA, era recepcionado por uma técnica de efermagem que preenchia uma ficha de pronto atendimento com as informações pessoais e sinais vitais, importante salientar que essa recepção era realizada na sala de entrada do hospital, sem nenhuma privacidade para o usuário. Da recepção o paciente era encaminhado para o atendimento médico, sem nenhuma prioridade assistencial.
Objetivos
Objetivo Geral: Implantar o acolhimento com classificação de risco no Hospital Municipal Dom Aloísio Lorscheider. Objetivos específicos: Caracterizar os atendimentos realizados no Hospital Municipal Dom Aloísio Lorscheider implantando o protocolo de acolhimento com classificação de risco Identificar dados demográficos (idade, sexo), principais fluxogramas, discriminadores e desfechos na emergência Escuta humanizada das queixas do pacientes, priorizando o atendimento para as urgências e emergências, garantindo o atendimento de forma justa a todos.
Metodologia
Encontros para sensibilização: Com a presença dos gestores, gerentes, chefes, e demais colaboradores da equipe interdisciplinar, enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem, vigias, recepcionistas e telefonistas para apresentar a temática do projeto, projetando um maior e melhor envolvimento e aderência dos mesmos e integração do grupo: Foram desenvolvidos cinco encontros com a equipe de enfermagem e colaboradores diretamente relacionados com o projeto, com treinamento alinhado a classificação de risco. Oficinas para implementação direcionada para os colaboradores diretamente envolvidos com a atenção de urgências e emergências, envolvendo assuntos do cotidiano profissional e institucional: Foram realizados três encontros virtuais com a equipe de enfermagem e colaboradores, juntamente com a presença dos profissionais especialistas em classificação de risco. Capacitação técnica de todos os colaboradores direta ou indiretamente envolvidos, através de cursos, treinamentos e aprimoramento profissional: Foram ministrados 12 cursos direta e/ou indiretamente relacionados ao projeto. Neste treinamento tivemos a participação de 43 colaboradores. Informação/orientação da clientela atendida: Foi realizada a divulgação com dois banners explicativos, diversas placas de aviso e veiculação das informações através do Instagram, com o intuíto de informar e orientar os usuários sobre as alterações dos serviços prestados.
Resultados
Por meio das oficinas para implantação e dos encontros para sensibilização, pôde-se notar modificações na postura das equipes, que passaram a trabalhar de maneira mais coerente e com mais autonomia. Foi possível perceber também o espírito de liderança e autonomia de todos os sujeitos envolvidos, a cooparticipação entre eles, a instauração de vínculos solidários e a participação coletiva no processo de gestão. O acolhimento protogoniza uma estratégia para reorganizar a assistência, mexer no cotidiano das unidades de saúde, reexaminar práticas consolidadas e repensar o trabalho em saúde. A estratégia de implantação da sistemática do Acolhimento com Classificação de Risco possibilita abrir processos de reflexão e aprendizado institucional de modo a ressignificar as práticas assistenciais e construir novos sentidos e valores, avançando em ações humanizadas e compartilhadas. No tocante ao apoio institucional dado através dos cursos, capacitações e aquisição de materiais e equipamentos, melhoram indiscutivelmente as condições de trabalho, além do fato de a ambiência, que é proposta pelo projeto, possibilitar a construção de novos espaços, a partir de uma base teórica e metodológica. Além da reorganização direta de fluxos assistenciais internos aos serviços do componente pré-hospitalar e intrahospitalar, o acolhimento com classificação de risco permitiu distinguir com maior precisão os motivos de procura das unidades por parte dos usuários e suas respectivas gravidades clínicas.
Conclusões
É possível afirmar que a implantação do ACCR (Acolhimento com Classificação de Risco) na rede de urgência e emergência do HMDAL foi capaz de gerar benefícios referentes diretamente à reorganização dos fluxos e dos processos de trabalho das portas de entrada do pronto atendimento. A implantação operou de forma indutora e colaborativa para outros movimentos e estratégias de aprimoramento da produção e da gestão do cuidado, com vistas ao alcance de uma maior e mais sinérgica integração entre os componcomponentes da Rede de atenção as urgências e emergências do município de Guaiuba. E destes com a integralidade do sistema de saúde municipal. Foi possível também traçar um perfil clínico e sóciodemográficos dos usuários do HMDAL, sinalizando para os outros serviços das redes as áreas de maior vulnerabilidade clínica do município.
Palavras-chave
Acolhimento Classificação de risco Urgência.