Apresentação/Introdução
Em 2009, algumas inquietações no contexto do cuidado de pessoas que usam drogas nos impulsionaram a sair do setting terapêutico tradicional e partir para atuação no território-rua. Esse movimento exigiu de nós, trabalhadores/as de saúde, uma aproximação das histórias de vida dessas pessoas, sem exigências e expectativas. Assim, o vínculo foi se constituindo e dando vida ao “Consultório na Rua”.
Objetivos
Relatar a experiência de atuação das equipes de Consultório na Rua (eCR) em Maceió, como uma possibilidade de cuidado em saúde na perspectiva da produção de vida em contextos de extrema vulnerabilidade social.
Metodologia
Atualmente, contamos com seis eCR, vinculadas à Atenção Básica (AB) para o cuidado de pessoas em situação de rua. São equipes compostas por profissionais com formações e perfis definidos a partir das especificidades do trabalho e diretrizes legais. Assim, pessoas que vivenciaram a situação de rua e/ou uso de drogas e transexuais estão entre os profissionais das eCR. A complexidade dos problemas e necessidades das pessoas em situação de rua demanda cotidianamente uma articulação intra e intersetorial para co-responsabilização pelo cuidado no território. As ações extrapolam o escopo da AB e ampliam-se na perspectiva da promoção de saúde e produção de vida.
Resultados
Dentre os resultados, o mais potente envolve o acesso à saúde e o cuidado em liberdade, a partir da construção de uma relação de confiança e respeito aos desejos, condições e escolhas das pessoas. Na rua, a imprevisibilidade integra a rotina de trabalho, solicitando flexibilidade, articulação em rede, capacidade de negociação e valorização das potencialidades, a cada momento, em cada encontro. E é na proximidade e intensidade de afetos que o potencial terapêutico se revela. As relações entre os integrantes da equipe migram para a horizontalidade e aproximam-se da transdisciplinaridade, sobrepondo outras formas hierarquizadas e tradicionais de processar o trabalho em saúde.
Conclusões
Apesar dos avanços, ainda há muitos entraves que fragilizam e comprometem, significativamente, a sustentabilidade do cuidado na rua. Diante de tanta singularidade e complexidade, é essencial potencializar a atuação das equipes de Consultório na Rua e possibilitar espaços de articulação com diferentes atores e movimentos sociais, a fim de favorecer mudanças significativas para produção de vida e cidadania às pessoas em situação de rua.