Apresentação/Introdução
A Hanseníase é uma endemia com grande importância para a saúde pública, a dimensão da patologia no processo saúde-doença e o alto poder incapacitante, são elementos que contribuem ao estigma e a discriminação. O município do Pilar- Alagoas está classificado como prioritário para as ações voltadas a Hanseníase, devido ao alto coeficiente de detecção de casos. Sendo assim, compreender a dinâmica da doença no território através de dados epidemiológicos, é fundamental para o delineamento de ações estratégicas visando o enfrentamento da doença. Visando um melhor desempenho das ações para o controle da doença no município, foram desenhadas algumas estratégias: Elaborou-se um estudo epidemiológico dos casos de Hanseníase numa série histórica, distribuindo os mesmos por localidade e identificando as áreas de alto risco para Hanseníase no município, que foram denominadas de Clusters. Paralelamente, foi realizado treinamento em serviço para os profissionais de saúde das Estratégias de Saúde da Família- ESF, que é a porta de entrada preferencial do Sistema de Saúde, visando aperfeiçoar o manejo clínico da doença possibilitando a longitudinalidade do cuidado. Sendo assim, estratégias devem ser planejadas de acordo com a epidemiologia da doença e com medidas que garantam uma maior mobilização dos profissionais de saúde, visando o avanço na implementação das ações de prevenção e controle.
Objetivos
O objetivo deste trabalho é descrever novas estratégias utilizadas para abordagem da Hanseníase no município de Pilar-Alagoas, no ano de 2020 e 2021. Realizar a análise da situação epidemiológica e operacional da hanseníase visando identificar a distribuição espacial- Clusters; Realizar a caracterização epidemiológica dos Clusters; Avaliar os contatos dos portadores de Hanseníase diagnosticados no período e 2015 a 2019; Ofertar um treinamento em serviço para os profissionais de saúde vinculados a atenção básica, visando a detecção precoce da doença e Operacionalizar a busca ativa de sintomáticos dermatoneurológicos através dos agentes comunitários de saúde- ACS.
Metodologia
Esse trabalho foi baseado num estudo descritivo, os dados foram obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN-NET, com avaliação no período de 2009 a 2019, realizada a tabulação, organizadas as informações em planilhas e construído os indicadores epidemiológicos de controle da Hanseníase. Foram relacionados todos os casos novos e separados por posição geográfica e vinculados as Estratégias de Saúde da Família- ESF delimitando e caracterizando área de clusters do município, que ficou situado na área de 02 Estratégias de Saúde da família. Foi definida como proposta de trabalho uma explanação sobre a situação epidemiológica da hanseníase no município nas ESF, resgate dos portadores de hanseníase dos últimos 05 anos e reavaliação dos contatos dos portadores de hanseníase previamente convidados e esclarecidos. Outra estratégia foi à realização do treinamento em serviço de saúde envolvendo os profissionais da ESF e os profissionais da equipe multidisciplinar, com o apoio de um dermatologista sanitário, foi ministrada aula teórica em regime de exposição dialogada versando sobre aspectos clínicos, epidemiológicos, laboratoriais e operacionais, em seguida foram realizadas aulas práticas junto aos profissionais e com os pacientes da área adscrita. Finalizamos com a realização de uma busca ativa de possíveis portadores de Hanseníase através dos agentes comunitários de saúde- ACS nas respectivas microáreas, com a aplicação de um questionário.
Resultados
Após a análise dos indicadores epidemiológicos concluímos que o município de Pilar-Alagoas apresenta uma alta detecção de casos, sendo assim, as ações devem ser voltadas principalmente no diagnóstico precoce, na avaliação do grau de incapacidade na cura, e na vigilância dos contatos. Na área do cluster, foram reavaliados os contatos dos pacientes notificados nos últimos 05 anos, onde foram confirmados o correspondente a 33% dos casos do ano de 2020, em apenas 01 dia de busca ativa. Priorizamos as ações de assistência por meio de treinamento em serviço dos profissionais de saúde diretamente envolvidos na assistência, que garantiu uma maior adesão e mobilização dos participantes para atender de forma integral os pacientes. Foram capacitados um total de 91,44 % dos profissionais de saúde. O coeficiente geral de detecção apresentou um aumento, com a maior incidência dos últimos 10 anos, totalizando 12 casos novos no ano de 2020 com uma incidência de 34,07%, indicando que o nível de endemia com alta detecção. Através da realização da busca ativa de possíveis portadores de Hanseníase pelos ACS nas respectivas microáreas dos foram encaminhados 78 usuários para avaliação dermatoneurológica, onde destes houveram 02 casos novos e 05 casos suspeitos estando sob observação
Conclusões
O trabalho foi considerado inovador e eficaz, visto que as estratégias favoreceram, além da execução da proposta de trabalho, o diagnóstico da situação das ações de controle da hanseníase, incluindo a principal fragilidade do serviço que se refere ao diagnóstico tardio entre contatos. A estratégia inovou ao atingir principalmente os profissionais de saúde, colocando-os diante de uma doença endêmica, com o propósito de capacitá-los no atendimento de acordo com protocolos. Além dos benefícios trazidos para os profissionais, muitos usuários e contatos de portadores da Hanseníase puderam ser adequadamente atendidos e tratados. Conclui-se que é fundamental a construção e análise dos principais indicadores epidemiológicos e operacionais da Hanseníase, sendo de extrema importância a identificação dos possíveis clusters devido a manutenção de elevadas taxas de detecção, refletindo a real situação da doença, apontando a necessidade de priorizar o planejamento de intervenções estratégicas e o monitoramento mais efetivo, promovendo assim, maior impacto nas mudanças do quadro epidemiológico.
Palavras-chave
Clusters; Hanseníase; Treinamento em serviço