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Rio Verde - GO

AÇÕES DA APS FRENTE A PANDEMIA PROVOCADA PELA COVID-19: EXPERIÊNCIA EM RIO VERDE, GOIÁS, BRASIL

Autor(a): Raquel Nogueira Salviano

Coautor(a): Marcos Vinícius Meira Vaz, Cibelle Tavares de Oliveira Freitas, Wellington Soares Carrijo Filho, Vanessa Cervi da Silva, Iara Maria Pires Perez

Ano: 2022

Apresentação/Introdução

A Atenção Primária à Saúde (APS) de Rio Verde-GO, principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde, com uma cobertura de 49,74% e uma insuficiência de profissionais ocasionada por numerosos afastamentos das atividades laborais em decorrência de gestação, imunossupressão, doenças crônicas ou pela própria infecção pelo novo coronavírus, precisou se adequar e exigir dos colaboradores restantes esforços redobrados, agilidade e resolutividade no cuidado à saúde frente à Covid-19, sem deixar de lado suas demais responsabilidades. A situação foi agravada a partir de um surto da doença, ocorrido ainda no início do período pandêmico, em um dos maiores frigoríficos de abates de frangos e suínos do país, sediado na cidade e composto por aproximadamente nove mil trabalhadores, no qual apresentou mais de 50% dos seus funcionários contaminados ao mesmo tempo. Assim, a gestão da APS local, em conjunto com um comitê constituído por secretário municipal de saúde e diretores da APS, Vigilância em Saúde (VS) e Centro de Operações Emergenciais em Saúde (COES), buscou adequar suas Clínicas da Família (CF) e capacitar seus colaboradores para atuarem de maneira estratégica, calcados na Educação Permanente em Saúde (EPS) e nas orientações, diretrizes e políticas de saúde públicas vigentes, com vistas ao enfrentamento da doença. Nesse contexto, este trabalho pretende descrever as ações realizadas pela APS de Rio Verde-GO para o enfrentamento da Covid-19, no período de 2020 a 2021.

Objetivos

OBJETIVOS GERAIS Descrever as ações realizadas pela APS de Rio Verde-GO no enfrentamento da pandemia da Covid-19, conforme seis eixos estruturais. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Organizacional: adequar a infraestrutura, estabelecer fluxos e expandir o horário de funcionamento das CF. Assistencial: fornecer Equipamentos de Proteção Individual (EPI), medicamentos, equipamentos, insumos e testes laboratoriais. Educacional: promover EPS aos colaboradores sobre biossegurança e protocolos clínicos para diagnósticos e a assistência precisa e humanizada. Cuidado individual dos casos confirmados ou suspeitos de Covid-19: realizar atendimento presencial, teleatendimento e telemonitoramento. Vigilância em Saúde: realizar testagens em massa, inquéritos epidemiológicos, busca ativa de contatos, identificar casos suspeitos, mapear grupos de risco, notificar casos, imunizar e propagar a promoção da saúde. Continuidade do cuidado: assegurar assistência pós-Covid-19, mediante Programa Reabilita-GO.

Metodologia

Com o apoio do comitê gestor, a APS formulou planejamentos estratégicos em saúde. Primeiramente, diagnosticou necessidades e problemas capazes de interferir negativamente na qualidade dos serviços da APS. Após o discernimento dos pontos a serem ajustados, planejou a realização de diversas atividades que foram divididas, didaticamente, em seis eixos orientadores. Assim, as ações realizadas foram: (I) Adequação da estrutura das CF com o estabelecimento de fluxos e expansão do horário de funcionamento (II) Fornecimento de EPI, medicamentos, equipamentos, insumos e testes adequados e suficientes. Disponibilização de transporte sanitário específico (III) EPS nas CF abordando protocolos clínicos para assistência, testes diagnósticos e biossegurança. Elaboração de vídeos e orientações para a execução de inquéritos epidemiológicos e testagens em massa (IV) Cuidado individual dos casos confirmados ou suspeitos desde o primeiro atendimento presencial até o teleatendimento e telemonitoramento (V) Realização de testagens em massa em profissionais de saúde e de educação e em grandes empresas locais, inquéritos epidemiológicos para a identificar casos suspeitos, busca ativa de contatos e mapeamento de grupos de risco. Notificação compulsória e imunização. Implementação e treinamento de monitores para orientar a comunidade, esclarecer dúvidas, combater notícias falsas e incentivar o isolamento domiciliar (VI) Acompanhamento e assistência pós-Covid-19, mediante Programa Reabilita-GO.

Resultados

O eixo organizacional otimizou o processo de trabalho das equipes da APS que, apesar da alta demanda de usuários, contribuiu para a diluição de aglomerações, minimizando riscos de contaminação cruzada. Os insumos e materiais necessários ao enfrentamento da pandemia foram concedidos de maneira adequada e suficiente, assegurando a biossegurança e a prestação da assistência à saúde. Foram realizados 8.768 translados, cooperando para a tomada de decisão clínica, agilidade e resolutividade da assistência primária. Por meio da EPS e seguindo as atualizações inerentes ao comportamento da doença, os colaboradores receberam capacitações, treinamentos e orientações que foram, de modo geral, essenciais para a execução de todas ações da APS. O teleatendimento e o telemonitoramento, com a garantia de assistência clínica caso fosse necessária, humanizaram o cuidado e pouparam deslocamentos e riscos de exposição desnecessários. Foram realizados 7.672 exames diagnósticos, divididos em nove inquéritos. Mais de 10.000 testes foram realizados em grandes empresas. Praticamente a totalidade dos profissionais da saúde e da educação municipal foram testados em massa. O conhecimento do perfil epidemiológico foi valoroso para que a APS realizasse suas atividades de maneira mais estratégica e efetiva. As estratégias colaboraram para o avanço da imunização. Os monitores conseguiram auxiliar e fortalecer a promoção da saúde. As sequelas ou limitações provenientes da COVID-19 puderam ser minimizadas.

Conclusões

As ações realizadas pela APS de Rio Verde-GO contribuíram significativamente para o enfrentamento da doença e permitiram realizar desde a promoção até a manutenção da saúde, além de proporcionar apoio efetivo a todos os pontos da Rede de Atenção à Saúde do município.  Apesar de todos os percalços impostos por sua baixa cobertura, bem como pelas variantes do coronavírus que exigiram estudos e atualizações constantes, praticamente a totalidade das ações arquitetadas foram empreendidas. Validando, portanto, que as ações estratégicas, calcadas na EPS e nos protocolos, diretrizes e políticas públicas de saúde vigentes, proporcionaram resolutividade, humanização e integralidade no serviço, além de poderem ser utilizadas como referência para futuros estudos e planejamentos em saúde.

Palavras-chave

Atenção Primária à Saúde, Covid-19, Planejamento.