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São Luís - MA

Implantação do Serviço de Terapias Integrativas no Hospital Municipal Djalma Marques, Socorrão I.

Autor(a): ANGELA MARIA CECIM DE SOUZA CASTRO LIMA

Coautor(a): Érika Wanessa De Oliveira Braga Matos, Amanda Waleska de Oliveira Braga, Josenílson de Jesus Rodrigues Brandão, Walderlene Sousa Lima Lázaro de Carvalho

Ano: 2022

Apresentação/Introdução

Descreve-se a implantação do Serviço de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) no Hospital Municipal Djalma Marques (HMDM). As PICS foram institucionalizadas no SUS por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) em maio de 2006. A PNPIC incentiva a inserção dessas técnicas com ênfase na atenção primária, mas, sua expansão na secundária tem se mostrado cada vez mais eficaz. No HMDM, houve idealização da proposta em 2018. A Unidade é uma autarquia municipal com sede e foro em São Luís, MA. Está vinculada à Secretaria Municipal de Saúde e tem por finalidade prestar assistência médico-hospitalar de urgência e emergência no Município. São oferecidos serviços de internação hospitalar, clínica médica e cirúrgica, terapia intensiva, hemodiálise, ortopedia, serviço auxiliar de diagnóstico e terapia, especialidades médica, odontológica, terapêutica ocupacional, fisioterapêutica, psicológica, fonoaudiológica e serviço social. O hospital conta ainda com três anexos: urgência e emergência vascular; internação da clínica vascular; e, internação cirúrgica e ortopédica infantis. Atende, por mês, uma média de quatro mil pessoas, no serviço de urgência, conforme planilha Kanban. A Instituição é responsável por atender usuários em situações de gravidade distintas, ocasionando por vezes estado de superlotação e profissionais sobrecarregados. Neste contexto, tem-se os servidores como clientela a ser potencialmente beneficiada com o trabalho.

Objetivos

GERAL: Implantar o Serviço de Terapias Integrativas no Hospital Municipal Djalma Marques, como recurso terapêutico no cuidado continuado, humanizado e integral em saúde ao servidor da Instituição. ESPECÍFICOS: Promover atendimentos com terapias integrativas de forma segura, responsável, interdisciplinar e ética; Agregar conhecimentos de PICS aos tratamentos convencionais, melhorando o processo de equilíbrio entre saúde e doença em profissionais da unidade de saúde; Viabilizar cuidado e atenção às questões de saúde física e emocional dos servidores gerando, consequentemente, satisfação, reconhecimento, entusiasmo, bom humor e bem estar geral no contexto do trabalho; Despertar uma nova cultura de cuidado com empoderamento do indivíduo, que participa com autonomia e protagonismo do tratamento; Promover a prática da educação continuada em saúde no âmbito das Práticas Integrativas e Complementares entre os profissionais que aplicam as técnicas.

Metodologia

A idealização das PICS na Instituição ocorreu em julho/2018, quando formou-se a 1ª turma em Auriculoterapia. Os primeiros atendimentos se deram por volta de novembro/2018, superando as expectativas em termos de aceitabilidade pelos assistidos (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, dentistas, fonoaudiólogos, assistentes sociais, serviços gerais, administrativos etc.). Prosseguiu-se com a viabilização de cursos, em parceria com a Escola de Gestão e Governo do Município; houve também formação em “Gestão de Práticas Integrativas e Complementares”, pelo AVASUS/Ministério da Saúde. O hospital conta com mais de 50 profissionais da equipe multidisciplinar capacitados, com afinidade, conhecimento e a maior parte possuindo vínculo efetivo, conforme preconiza a PNPIC. Atualmente, tem-se 14 profissionais responsáveis pelas intervenções no espaço destinado, pertencentes às categorias de Enfermagem, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Os atendimentos acontecem de segunda a sexta, turnos matutino e vespertino. Apesar de não haver uma divulgação sistemática, a demanda é alta para o quantitativo de profissionais que atendem e para o espaço. Para ter acesso ao serviço, o servidor agenda no local e é acompanhado até receber alta. São registradas ficha de anamnese, avaliação e evoluções do tratamento, de forma padronizada. As anotações também são feitas em Livro de Frequência; à equipe cabe ainda organizar dados para monitoramento, avaliação do serviço e relatório periódico.

Resultados

Até dezembro de 2021, constavam no serviço 486 fichas de servidores (administrativo, assistencial, aposentado ou licenciado com vínculo no HMDM). Em dezembro de 2019, o HMDM participou do 1º Seminário Estadual de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, promovido pelo Estado, com apresentação nas modalidades banner e comunicação oral. Em 17 de setembro de 2020, ocorreu o lançamento oficial das PICs no HMDM, com estruturação de uma sala para atendimentos. O custo do serviço é baixo, pois a maior parte dos recursos são materiais permanentes. No ano de 2021, foram registrados 3.195 atendimentos. Destes, 90% pertencentes ao sexo feminino. As queixas mais referidas são dores ósteo-articulares (266 citações) e problemas musculares (239). Também chamam a atenção referências elevadas a “estresse” e “insônia” A terapia mais procurada (35%) é auriculoterapia, seguida de ventosaterapia (30%). A queixa emocional mais citada é a “preocupação” (258 referências). Monitorar e acompanhar os dados é importante porque gera conhecimento sobre o perfil do trabalhador e pode subsidiar planejamentos a fim de bem cuidar de quem tanto necessita, melhorando suas capacidades produtivas, especialmente na questão da segurança e minimizando adoecimentos.

Conclusões

Importante enfatizar que as PICS não concorrem com os tratamentos convencionais, apenas complementam e possibilitam um olhar integrativo na saúde, trazendo uma nova cultura de tratamento com empoderamento do indivíduo, que participa com autonomia e protagonismo em seu autocuidado. A implementação deste serviço trouxe benefícios ímpares para o HMDM, os quais são constatados em relatos e na busca espontânea por atendimentos. Espera-se que possa repercutir na assistência prestada aos usuários internados, seja na qualidade ou na segurança do tratamento, uma vez que o cuidado e atenção às questões de saúde física e emocional dos servidores geram satisfação, reconhecimento, entusiasmo, bom humor e bem-estar geral. Ressalta-se, também, que esse cuidado diferenciado ao servidor foi crucial no período mais grave de enfrentamento da pandemia da COVID na instituição, que é um hospital público de urgência e emergência. Recomenda-se que esta iniciativa possa ser ampliada dentro da Instituição, principalmente no âmbito da Educação Continuada e da Pesquisa, de forma a consolidar essa experiência com resultados favoráveis e cada vez mais promissores em prol de benefícios aos trabalhadores e usuários, conforme recomenda o SUS.

Palavras-chave

HMDM; hospital; terapia integrativa; servidor.