Apresentação/Introdução
Diante das dificuldades encontradas com a demanda de média e alta complexidade gerada pela Atenção Básica do Municipio, que vinha sendo solicitada de forma indiscriminada aumentando a demanda da procura do serviço especializado, vimos à necessidade da implementação de um plano de ação para controle e melhor direcionamento dos encaminhamentos médicos para o Tratamento Fora do Domicílio dentro dos recursos disponibilizados para a Rede de Saúde. Vale ressaltar que o setor de Tratamento Fora do Domicílio (TFD) é todo e qualquer tratamento não realizado e/ou disponibilizado na Atenção Básica do Município, caracterizados como média e alta complexidade, tais como consultas médicas especializadas, exames e cirurgias. Foi realizada uma analise junto ao setor de regulação, na qual identificamos que muitos dos encaminhamentos poderiam vir a ser solucionados junto a Equipe Multiprofissional da Atenção Básica sem gerar demanda de média e alta complexidade. Assim sendo, para organizar e controlar o fluxo e direcionar a demanda para o TFD oriunda da Atenção Básica, implantamos o sistema informatizado de protocolo, divisão de cotas (check-in) e o tele-saúde (monitoramento da demanda protocolada com retorno ao paciente), tornando o fluxo mais resolutivo e eficaz.
Objetivos
Minimizar a demanda gerada na Atenção Básica das consultas e procedimentos de Média e Alta Complexidade (MAC) Maior eficiência no processo de trabalho do SUS/TOCANTINS-MG Potencializar a qualidade e resolutividade de quem busca atendimento na rede de APS do Município de Tocantins – MG Maior aproveitamento da Equipe Multidisciplinar incorporada a APS Capacitação dos médicos de APS sobre a Regulação dos procedimentos de Média e Alta Complexidade na esfera SUS.
Metodologia
Inicialmente foi feita uma reunião com o Setor de TFD para identificar as principais dificuldades encontradas para realizar o agendamento dos encaminhamentos que chegam ao setor. As principais dificuldades foram: alta demanda de exames e consultas para especialidade sem justificativas (encaminhamentos enxutos, sem CID e/ou outro motivo). Após, realizada uma análise de relatório específico de encaminhamentos para TFD, extraído de sistemas de informação tais como E-SUS-AB, SUSFÁCIL, SISREG e Consorcio Intermunicipal de Saúde. Com os dados compilados, foi utilizada a tabela consolidada da demanda gerada para TFD (quantas consultas especializadas, exames específicos) da competência de agosto de 2021. Como medida de eficiência do setor, foi realizada uma comparação entre a demanda encontrada no referido mês e o que o SUS disponibiliza via Programação Pactuada Integrada (PPI) para o município de Tocantins/MG, tais como: número de consultas médicas especializadas, exames especializados e cirurgias. Em seguida, com os dados da comparação, foi nítido discrepância entre o que é ofertado e o que é demandado pelos profissionais, reforçando a necessidade de uma capacitação com os profissionais médicos para melhor entendimento do funcionamento do serviço, a fim de proporcionar uma melhor qualidade dos encaminhamentos quando necessário.
Resultados
Após análises dos consolidados extraídos pelos sistemas de informações, podemos perceber que a demanda gerada pela Atenção Básica em nível de exames de média e alta complexidade é superior à demanda gerada pelos médicos especialistas, sendo assim, percebemos que a Atenção Básica esta trabalhando muito mais com a MAC do que com o seu real propósito. Com isso, levantamos a hipótese de uma capacitação e educação continuada aos profissionais médicos da APS para melhores esclarecimentos e conscientização do que eles podem encontrar dentro do SUS e solicitar e quais as demandas eles podem encaminhar aos especialistas para um melhor diagnóstico e tratamento ao usuário que necessitar. Sabemos que trabalhar somente com o que o SUS nos oferece é inviável, quando se quer prestar uma assistência a saúde de qualidade e integral. Assim sendo, a ferramenta do consórcio SIMSaúde, que é custeado com recurso próprio do município irá nos ajudar a ofertar a assistência integral, de qualidade e resolutiva, onde para servir de apoio criamos um plano de cotas mensais de todos os procedimentos ofertados pelo SIMSAUDE e PPI. O sistema de cotas (check-in) implementadas nas ESF foram baseadas de acordo com os relatórios extraídos dos sistemas de informação da APS (E-SUS, SUS FACIL, SISREG), controlando assim o número de encaminhamentos e servindo como norteador para que os profissionais médicos sejam mais criteriosos ao realizá-los.
Conclusões
Com a implementação das cotas houve uma diminuição da demanda reprimida do TFD. Outro ponto positivo foi à capacitação dos profissionais médicos na conscientização mais humanizada e mais eficiente em relação aos pedidos dos procedimentos ofertados pelo SUS, diminuindo assim o número de exames de média e alta complexidade e que não fazem parte de sua competência dentro da Atenção Básica, redirecionando assim, quando necessário ao profissional especialista. Conclui-se, que houve um controle e melhor direcionamento dos encaminhamentos vindo da APS. Sendo assim, com esse plano de ação passa a existir uma maior conscientização de todos envolvidos (pacientes e membros da equipe), de que o papel da APS é buscar uma melhor resolução dos problemas sem gerar, quando possível, encaminhamentos desnecessários. Poupando assim o paciente sair de seu município.
Palavras-chave
SaúdeGestãoSUSAPS Atendimento HumanizadoCotas