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Arapiraca - AL

Oficina Integrada de Cuidado às Crianças com Síndrome Congênita do Zika vírus e suas famílias.

Autor(a): AMANDA RODRIGUES BERTOLDO

Coautor(a): CINTHYA RAFAELLA MAGALHÃES DA NÓBREGA NOVAES, LOUSANNY ROCHA CAIRES, ÉRICA PAULA BARBOSA

Ano: 2022

Apresentação/Introdução

Arapiraca é um município de aproximadamente 240 mil habitantes, com ampla cobertura de Estratégia de Saúde da Família, conhecido por desenvolver importantes ações de caráter intersetorial, com objetivo de levar cuidado efetivo aos seus usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). A Síndrome Congênita associada à infecção pelo vírus Zika (SCZ) trouxe desafios por ser tratar de uma nova problemática a ser encarada, não só pelos profissionais de saúde, mas por todos envolvidos na assistência social e educação, uma vez que as crianças traziam necessidades amplas no contexto biopsicossocial, acesso aos equipamentos públicos e sobretudo a necessidade de reorganização nas famílias. Em Arapiraca tinham confirmadas 12 crianças, diagnosticadas com SCZ, necessitando de cuidado e direcionamento de suas demandas e de suas famílias. Com orientação do Ministério da Saúde e apoio dos Estados e Municípios foram estruturadas as “Equipes Dedicadas”: um grupo técnico intersetorial composto por representantes das secretarias de saúde, educação e desenvolvimento social que propõe encontros mensais, planejamento de ações e busca de estratégias para o enfrentamento da realidade apresentada. Nesse contexto, foi elaborada uma proposta para realização da I Oficina Integrada de Cuidado às Crianças com SCZ e suas Famílias, destinada ao público alvo representado por profissionais da saúde (UBS, NASF AB e CER), desenvolvimento Social (CRAS, Criança Feliz e Centro Dia) e educação (Centro Educacional Infantil).

Objetivos

Geral: Fomentar o cuidado integral, em rede e articulado, com diferentes políticas públicas, garantindo a todas as crianças diagnosticadas com SCZ maior acesso, cuidado efetivo e direcionamento das demandas individuais e de suas famílias. Específicos: •Compreender cada caso, considerando formatação familiar e interação com equipamentos públicos de referência. •Fortalecer o vínculo entre os profissionais envolvidos no cuidado de cada criança. •Estruturar as equipes dedicadas locais. •Construir Plano de Cuidado Integrado.

Metodologia

O presente trabalho trata-se de um relato de experiência, com ações para elaboração de uma proposta de oficina integrada com profissionais das Secretarias municipais de saúde, desenvolvimento social e educação que tivessem em seu território crianças diagnosticadas com SCZ. Em reunião com integrantes da Equipe Dedicada definiu-se o público alvo, dinâmica de trabalho, facilitadores e recursos necessários, prevaleceu a metodologia ativa no curso da oficina e utilização do genograma e ecomapa. A utilização destes instrumentos objetivou a compreensão da estrutura familiar, assim como um retrato da ligação com os recursos comunitários. Previamente foi solicitado aos participantes que estivessem munidos do máximo de informações acerca do caso. Após o acolhimento dos profissionais, foram divididos os grupos de acordo com o caso da criança, em cada grupo priorizou-se a representação com profissionais da saúde (UBS, NASF AB e CER), desenvolvimento Social (CRAS, Criança Feliz e Centro Dia) e educação (Centro Educacional Infantil). Para o início foram apresentados os objetivos da oficina, nº de casos de crianças com SCZ no município, conceitos de genograma e ecomapa, além do formulário para posterior elaboração do plano de cuidado. Um momento de construção coletiva e troca de saberes que emergiu para a criação das equipes dedicadas locais, firmando assim um compromisso conjunto com o cuidado dessas crianças e famílias. O momento foi finalizado com o compartilhamento dos produtos.

Resultados

Foi registrada a participação de mais de 100 profissionais das secretarias de saúde, educação e desenvolvimento social; construção do genograma e ecomapa de cada caso; formação das equipes dedicadas locais; apresentação do formulário para elaboração do plano de cuidado e definição do cronograma das primeiras reuniões locais das equipes. Entretanto os resultados compreenderam produtos para além do dia da oficina, tais como: 11 reuniões locais para construção do plano de cuidado, com a participação ativa do responsável pela criança e 01 seminário para socialização dos planos elaborados. O conhecimento do funcionamento e estrutura familiar, suas características e o contexto na qual está inserida revelou-se de fundamental importância para a realização do planejamento das intervenções. Vale destacar os ganhos em torno do fortalecimento do cuidado, a partir do vínculo estabelecido entre profissionais de diferentes setores, a oportunização de discussões intersetoriais e construção coletiva.

Conclusões

A presente ação oportunizou a articulação e o fortalecimento do vínculo entre os profissionais envolvidos no cuidados às crianças com SCZ e suas famílias, garantindo alinhamento entre as ações previstas pelas políticas de saúde, de desenvolvimento social e de educação para a efetividade do acompanhamento dos casos. Permitiu ainda maior compreensão da realidade na qual estas crianças estão inseridas e a identificação das necessidades de cada uma delas, bem como a discussão entre o diversos atores para os possíveis direcionamentos. Contudo fica evidente que a Educação Interprofissional é uma importante estratégia para o aprendizado no trabalho em equipe e comprometimento com a integralidade das ações, sobretudo na relevância de estar presente nos momentos de Educação Permanente em Saúde, pois funciona como elemento que impulsiona a qualificação do cuidado.

Palavras-chave

Coordenação do Cuidado, Síndrome Congênita.