Patos de Minas - MG
Reportagem especial: Patos de Minas-MG oferece acesso a imunobiológicos especiais para 33 municípios da região
05/04/2024 17h03
O uso da tecnologia no Sistema Único de Saúde (SUS) possibilitou o aceleramento dos mecanismos de acesso à atenção à saúde, que envolvem maior controle e segurança das informações, dando agilidade aos serviços e subsidiando a tomada de decisão. Tomemos o exemplo do município de Patos de Minas, que aderiu à proposta da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais de descentralização da distribuição de imunobiológicos especiais.
Para tornar-se referência para as 33 cidades que compõem a macrorregião de Patos de Minas e a microrregião de Unaí, através do seu Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE), foi necessário que o município adotasse, dentre outras medidas, a plataforma Aprova Digital para gerir as informações. A plataforma, que já era utilizada em contratos com os prestadores de serviços do SUS, permitiu que a ficha de solicitação dos imunobiológicos passasse a ser acessível de forma online a qualquer usuário dos 33 municípios.
"Quando veio a descentralização, houve um pouco de resistência porque alguns da equipe de epidemiologia não acreditaram que a proposta poderia dar certo, apesar do apoio da gestão. Recentemente, fizemos uns ajustes no sistema para construir o BI (Business Intelligence) das informações e vimos o quanto a população está sendo atendida", avalia a então coordenadora da Vigilância em Saúde e atual secretária adjunta de Saúde, a enfermeira Lilian Silva Rodrigues Marinho.
Antes do projeto, a trajetória dos processos para a aquisição dos imunobiológicos se dava da seguinte forma: as Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou os hospitais da rede pública e privada reuniam a documentação exigida para solicitar o imunobiológico especial e encaminhavam tudo manuscrito e em xérox. Os documentos eram destinados à Secretaria Municipal de Saúde de cada município, que, por sua vez, repassava para a Superintendência Regional, em Patos de Minas.
Alguns municípios estão localizados a cerca de 600 km de distância de Patos de Minas, o que exigia um esforço de deslocamento para deixar as solicitações e buscar os resultados. A conclusão dos laudos demorava em média 30 dias, mas era necessário mais um mês até que o imunobiológico chegasse à unidade de saúde do município, responsável por localizar o paciente e realizar a aplicação.
A plataforma Aprova Digital teve impacto significativo na lentidão processual, que era consequência do alto número de documentos incompletos, onde se gerava um vai e vem de processos e o aumento das respostas negativas. Com o uso do dispositivo digital, os documentos passaram a ser anexados ao sistema, que só se encerra com todas as informações preenchidas, o que evita a recusa do processo por insuficiência de dados.
O usuário tem ainda a opção de se dirigir diretamente ao CRIE de Patos de Minas, que é a unidade de referência, onde será avaliado pelo médico ou enfermeiro da equipe e caso sua condição se enquadre nos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS), terá acesso imediato ao imunobiológico especial. Os critérios variam de acordo com cada doença. Há pacientes vivendo com HIV, com problemas cardíacos graves, em terapia renal, com câncer e crianças que não podem tomar a vacina normal do calendário vacinal, dentre outros.
A equipe de profissionais do CRIE de Pato de Minas é composta por dois médicos, dois enfermeiros e dois técnicos de enfermagem.
Aumento progressivo
O enfermeiro Fábio Vinícius Couto Coutinho já trabalhava no CRIE quando o sistema Aprova Digital foi incorporado ao processo de avaliação das demandas dos imunobiológicos especiais. Junto com o médico da equipe, ele presta assistência aos pacientes e aplica as vacinas, além de alimentar três sistemas de informação - do estado, do município e do governo federal. "O grande diferencial do projeto foi utilizar o Aprova Digital, eliminando papéis e dando maior assistência para a população. Houve muito benefício para o paciente, pois agilizou a avaliação e os processos ficaram mais simplificados e mais efetivos", avalia.
Em um ano de projeto, dos 2.774 processos avaliados pelos profissionais, apenas 228 foram indeferidos, o que indica uma grande queda nos pareceres negativos. E esses indeferimentos foram relacionados ao não enquadramento no perfil epidemiológico do Ministério da Saúde e não por falta de documentação, como ocorria. Antes da iniciativa, o número de beneficiados por ano era de cerca de 500 pessoas.
O crescimento exponencial da oferta também se deve ao esclarecimento dos profissionais de saúde e da população sobre a possibilidade de utilização desse serviço. "Fizemos treinamento com toda a equipe de epidemiologia para repassar o uso da plataforma para os demais profissionais da rede e, depois, com os médicos das unidades de saúde para as pessoas saberem que têm a possibilidade de acesso ao uso dos imunobiológicos especiais", conta Lilian.
"Pensar no projeto e ver o seu desenvolvimento me dá uma felicidade que não tem tamanho, porque a gente veio para o mundo para servir aos outros e fazer o nosso melhor. As pessoas que nos procuram já estão debilitadas e a gente vê o brilho nos olhos dos pacientes ao serem acolhidos", finaliza a secretária adjunta de Saúde.
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