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Reportagem especial: Cosems/SP desenvolve parceria com o HC para apoiar municípios no tratamento da Covid longa
01/10/2024 18h02
Os profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) demonstraram uma enorme capacidade de resposta e adaptação para lidar com os desafios impostos pela pandemia de Covid-19. No entanto, passado o período de maior emergência da doença, havia ainda muito a ser feito, sobretudo em relação ao cuidado das pessoas que desenvolveram sequelas da doença, com a chamada síndrome pós UTI ou Covid longa. Consciente da necessidade de amparar os profissionais para lidar com o problema, o Conselho de Secretários Municipais de Saúde de São Paulo (Cosems/SP) desenvolveu um projeto de capacitação para gestores e profissionais da Atenção Básica, cuja tônica foi a educação permanente.
A ideia era abranger as 63 regiões de saúde do Estado de São Paulo, mas naquele momento, sem o apoio das instâncias de governo estadual e federal, o Cosems/SP escolheu três regiões
para desenvolver o projeto com recursos próprios. Os critérios para a escolha de Rio Pardo, Mantiqueira e Baixa Mogiana foi a existência de serviços especializados em reabilitação
motora e respiratória, possibilitando assim a articulação em rede com os serviços de Atenção Básica (AB).
"Escolhemos regiões que não tinham uma universidade pública para matriciar o serviço e onde observamos o interesse dos gestores por esse trabalho, mantendo ambulatório e unidade de referência para tratamento de doenças ocasionadas pela Covid-19", explica a fonoaudióloga e assessora do Cosems/SP, Elaine Giannotti.
O projeto foi realizado em parceria com o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), que tinha experiência acumulada no cuidado de pacientes com sequelas da doença. Buscava-se disponibilizar ferramentas para o cuidado desses pacientes e apoiar a articulação dos serviços em rede. A experiência do HC, no entanto, era voltada sobretudo aos pacientes graves, o que implicava na necessidade de adaptação dos protocolos para que fossem aplicados de forma mais ampla.
"O HC demonstrou interesse na parceria porque desenvolvia protocolo de cuidado no seu ambulatório com pacientes com Covid longa, em sua maioria internados no próprio hospital. A instituição foi uma grande referência para internação de pacientes graves durante a pandemia e se tornou uma referência no atendimento e manejo de pessoas com sequelas motoras, respiratórias e mentais que estiveram entubadas por muito tempo", diz Elaine, uma das coordenadoras do projeto.
Adaptar o paciente não tão grave para ser atendido na rede primária e secundária tornou-se então o desafio. Para esse fim, o Cosems/SP contratou um especialista, que juntamente com alguns profissionais da rede básica e dos ambulatórios das três regiões selecionadas, se debruçou sobre o projeto para ajudar a construir os protocolos de risco e manejo clínico.
As capacitações com o HCOR
Formato: educação à distância de forma síncrona
Público: Profissionais dos serviços nas três regiões
Período: Encontros mensais durante seis meses.
Resultados das capacitações
Três webconferências sobre reabilitação motora e respiratória para a rede SUS
Material para Segunda Opinião Formativa (SOF)
Capacitação em EAD de forma assíncrona, com quatro videoaulas para os profissionais do SUS que tivessem interesse
Seminário sobre Covid longa, durante o Congresso do Cosems/SP, para debater os desafios e possibilidades da Atenção Básica
Todo o material está disponível no site e canal do Cosems/SP.
Coordenada pela assessoria do Cosems/SP e por técnicos designados pelo HC, a iniciativa contou com o apoio de dois facilitadores, responsáveis pela promoção de espaços de educação permanente para fortalecer o trabalho em equipe e fazer a moderação da teleconsultoria. A partir do projeto, o Cosems/SP, como entidade de representação e apoio aos municípios paulistas, cumpriu seu papel, disponibilizando estratégias e tecnologias inovadoras para o enfrentamento dos desafios de atenção aos pacientes com Covid longa.
A estratégia possibilitou ainda uma aproximação entre os profissionais da Atenção Básica e do HC, que passaram a conhecer a realidade das unidades básicas de saúde, como também tem servido de inspiração para outras linhas de cuidado. "Para nós do Cosems foi uma experiência muito rica porque, em geral, o apoio que oferecemos está mais relacionado à gestão em saúde. Dessa vez, a gente se conectou muito mais com os profissionais da ponta, que estavam em atendimento, desenvolvendo um contato mais próximo com eles", reitera Elaine.
A disponibilização do material produzido permitiu o acesso ampliado, contemplando gestores de outras regiões. "Esse trabalho foi extremamente importante porque pudemos treinar vários municípios à distância para utilizarem essas ferramentas de cuidado da Covid longa. Gestores de qualquer município que tenham interesse podem acessar o conteúdo produzido pelo Cosems/SP, em parceria com o HC, nas nossas redes de comunicação", conclui o presidente do Cosems/SP, Geraldo Reple Sobrinho.
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