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Jaguaripe - BA

Reportagem especial: Jaguaripe-BA investe em ferramentas tecnológicas para ampliar ações de enfrentamento à Covid-19


02/06/2023 15h01

O município de Jaguaripe, primeira vila do Recôncavo Baiano, tem uma vasta extensão territorial. Alguns dos treze distritos que compõem o município estão localizados na zona rural, a quilômetros de distância da sede. Ao observar o seu desenho no mapa, é possível perceber um traçado longitudinal que faz com que a cidade mantenha divisa com outros sete municípios. As características geográficas de Jaguaripe foram determinantes na adoção de estratégias de prevenção e acompanhamento dos casos de Covid-19 quando a pandemia eclodiu no Brasil.

A Secretaria Municipal de Saúde adotou como estratégia prioritária o teleatendimento e telemonitoramento, como forma de ampliar o alcance das ações de proteção e diminuir os riscos de contaminação. O uso da tecnologia possibilitou “chegar” a lugares mais distantes em tempo oportuno. Segundo a gestão, as medidas implementadas pela Atenção Primária em Saúde foram determinantes para proteger usuários e profissionais da saúde e ao mesmo tempo acompanhar os casos, principalmente dos grupos de risco.

“É mais desafiador para oferecer o cuidado em um município grande, dividido em territórios e com limites com outras cidades. Ficávamos nos perguntando como monitorar quem está muito distante da sede e ao mesmo tempo proteger os nossos profissionais diante da algo tão novo”, indagava a fisioterapeuta e então coordenadora da Regulação, Lilia Uzeda da Silva.

Nos 13 distritos que dividem Jaguaripe, todos possuem unidades de saúde, sendo algumas com equipes completas e outras consideradas unidades satélites. Mesmo com a descentralização do trabalho dos profissionais de saúde, muitas comunidades vivem quase isoladas até do distrito de referência e a comunicação só é possível pelo WhatsApp. Por isso, a primeira estratégia implementada foi o telemonitoramento, realizado via ligação telefônica ou por mensagens no aplicativo.

Os profissionais seguiam um roteiro de atendimento e faziam o registro dos pacientes com síndrome gripal. No caso de pessoas acima de 60 anos ou com comorbidades, isso era feito a cada 24h; para os demais, a cada 48h. “A primeira ideia do telemonitoramento surgiu para fortalecer a Atenção Primária em Saúde (APS), por meio do acompanhamento das pessoas que testassem positivo e apresentassem sinais e sintomas. Criamos um roteiro para não esquecer de fazer perguntas importantes, que dessem indicação de algum sinal de agravo”, conta a coordenadora.

Dona Maria das Neves Santos de Oliveira vive na comunidade de Cações. Quando adquiriu a doença, que a fez perder mais de sete quilos, as dores nos pulmões se tornaram muito fortes. Ela agradece sua recuperação ao acompanhamento constante da fisioterapeuta Morgana Félix, que a monitorava diariamente por telefone, e ao tratamento prescrito pelo dr. Felipe Costa, feito através de teleatendimento. “O tratamento foi excelente. Que Deus ilumine os caminhos deles. Toda hora ligavam, sempre me dando apoio. O atendimento foi nota 10, não tenho o que dizer”, agradece.

Embora a rede de cuidados tenha se estabelecido a partir da Atenção Primária, os pacientes que davam entrada no hospital também eram monitorados. Caso não necessitassem de internação, o acompanhamento seguia o protocolo usual de telemonitoramento em casa. Os profissionais da Atenção Primária mantinham o vínculo com os que estavam internados por meio de contato com os familiares.

Teleatendimento

O teleatendimento em Jaquaripe foi o segundo passo para ampliar o alcance das ações de enfrentamento da pandemia. Através da plataforma appamigo.com.br, profissionais de saúde monitoravam pacientes que necessitassem de uma conduta mais intensiva. O propósito era orientar e acompanhar a evolução do quadro clínico à distância, com avaliação de enfermeiro e/ou médico para a definição da conduta em cada caso.

A conduta adotada pelo município, a exemplo dos outros estados brasileiros, seguia os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Mas, obviamente, cada caso era observado a partir de suas especificidades. “O paciente se sentia acolhido porque tinha uma pessoa de referência que prestava orientações muito claras, reforçava todos os cuidados e era um apoio para as equipes de saúde também”, reforça Lilia. De abril a dezembro de 2021, foram realizadas 815 teleconsultas.

O trabalho em torno da manutenção das regras de isolamento rendeu ao município o reconhecimento pelo seu esforço. Em 2020, dados apresentados pela plataforma InLoco demonstraram que Jaguaripe registrou um dos maiores índices de isolamento do estado da Bahia.

De maio de 2020 a dezembro de 2021, dos 1.779 casos confirmados, foram registrados 46 internamentos, com 16 óbitos. “Foi possível observar que a estratégia de monitoramento promoveu a integração efetiva da equipe de saúde com os usuários, sendo eficaz para manter a atenção, o processo de orientação e educação em saúde à distância, minimizando as dificuldades estabelecidas pela pandemia. O que eu acho importante é que o cuidado se estendeu para fora das unidades de saúde”, finaliza Lilia Uzeda.