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12/05/2020

Dia Internacional da Enfermagem: a força motriz do SUS e a dedicação ao cuidado em saúde

12/05/2020 15h28 - Atualizada em 12/05/2020 15h28

De visitas domiciliares à assistência nos leitos de UTI e na gestão, o trabalho da enfermagem na saúde pública é repleto de comprometimento e resiliência 

Contra todas as adversidades, é com muita dedicação que profissionais de enfermagem constituem uma das maiores forças de trabalho do SUS. Enfermeiros, técnicos e auxiliares atuam em diferentes níveis de atenção: das visitas domiciliares aos leitos de UTI, trabalhando para garantir o cuidado integral na prevenção, promoção e na assistência à saúde. 

Dia 12 de maio é comemorado mundialmente o Dia da Enfermagem, data instituída em meados dos anos 40 em homenagem a duas mulheres pioneiras da área, na Europa, Florence Nightingale e no Brasil, mais especificamente na Bahia, Ana Néri, que de forma voluntária prestaram serviços e dedicaram suas vidas ao cuidado de outras. 

Em meio à pandemia do novo Coronavírus (Covid-19), o trabalho da enfermagem vem se destacando, sendo fortemente reconhecido e valorizado pela população. Na linha de frente, morreram 76 profissionais de enfermagem em decorrência de complicações da Covid-19 no Brasil desde o começo da epidemia no país, de acordo com dados divulgados na última quarta-feira (6) pelo Comitê Gestor de Crise do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que também relatou mais de 10 mil casos de infecções entre esses profissionais da saúde.

O SUS que fazemos

No contexto do SUS, a enfermagem amplia cada vez mais seu espaço na área da saúde assumindo um papel decisivo e pró-ativo. Na Atenção Básica, esses profissionais são componentes fundamentais que se destacam pelo desenvolvimento de práticas criativas e integradoras de cuidado, atuando e coordenando ações para o fortalecimento e consolidação dos princípios do SUS. Vale destacar que, segundo dados levantados pelo Conasems sobre o perfil da gestão municipal do SUS, a maioria das gestoras são mulheres enfermeiras, o que revela mais um espaço de dedicação da categoria de vital importância para a organização do sistema. 

Enfermeiros são autores de experiências exitosas na saúde pública em municípios de todos as regiões do país. O enfermeiro Túlio César, do Rio Grande do Norte, focou seu trabalho em educação sexual nas escolas do interior do estado, em Jucurutu, e recentemente, seu projeto foi implantado em Natal. A equipe de Túlio promove palestras dinâmicas sobre sexualidade, doenças e formas de prevenção além de levar testes rápidos para detecção de ISTs. 

 

No Norte, o enfermeiro Abreu teve seu trabalho reconhecido nacionalmente. Ele promove o Programa Saúde do Homem e o Esporte em Sena Madureira-AC, realizando campeonatos de futebol em comunidades de difícil acesso para reunir os homens a fim de promover o acesso à saúde. 

 

Do outro lado do país, a enfermeira Francini Werka, também faz o SUS acontecer. No interior de Santa Catarina, em Cunha Porã, mais de 80% das mães amamentam e a grande maioria estiveram presentes em todas as consultas de pré-natal. Os índices são resultados do trabalho da equipe e de voluntárias. A enfermeira faz ensaios fotográficos para as mulheres que participam das rodas de conversa sobre gestação e fazem acompanhamento periódicos nas unidades de saúde. As fotografias, que podem ser tanto das grávidas quanto dos bebês recém nascidos, contam com produção oferecida por voluntárias – salão de beleza, roupas confeccionadas especialmente para os ensaios e diversos acessórios. 

 

Segundo dados baseados no Censo do IBGE, mais de 80% dos profissionais de enfermagem são mulheres e existe uma forte atuação de enfermeiras dedicadas à saúde da mulher. O índice de mortalidade materno-infantil no município de Marialva, no Paraná, por exemplo, reduziu a zero após uma reorganização dos serviços nas Unidades Básicas de Saúde, que capacitou e deu autonomia para o trabalho da enfermagem. “Capacitamos as enfermeiras para realizarem as primeiras consultas com gestantes e vincular essas mulheres ao serviço. As capacitações deram mais segurança para toda a rede que conduz o trabalho, cada um exercendo seu papel essencial. A gente vem na contramão do serviço focado no médico, mas acredito que a atenção básica é isso: a valorização do serviço interprofissional e resolutivo”, afirmou a enfermeira gerente da AB no município, Patrícia Hernandes. 

 

Também no cuidado à gestantes, a enfermeira e tutora da residência em enfermagem obstétrica em Apucarana-PR, Maria Aparecida Moreira, enfatiza a necessidade da autonomia das enfermeiras. “É necessário que elas se sintam confiantes fazendo o próprio trabalho, elas recebem todo conhecimento científico e técnico para atuar e não precisam do médico, se não acharem necessário.” A enfermeira também enfatiza a essência do trabalho da enfermagem. “Focamos no acompanhamento humanizado e com empatia, onde atuamos a partir da escuta e da troca”. 

Maria Aparecida participa do projeto inteiramente feito por enfermeiras. O trabalho chamado “Visita Guiada”, da Secretaria Municipal de Saúde de Apucarana-PR, promove visitas à maternidade para as futuras mães conhecerem o espaço, procedimentos e profissionais a fim de diminuir a insegurança e ansiedade das gestantes. As visitas são antecedidas por orientações sobre o processo de trabalho de parto natural e casos onde é necessário a realização de cesariana, aleitamento e esclarecimentos de dúvidas, que são prestadas por enfermeiras na Escola da Gestante.

 

As experiências exitosas citadas nesta matéria foram premiadas na Mostra Brasil, aqui tem SUS, promovida pelo Conasems. Confira aqui a playlist com os webdocs que retratam os melhores trabalhos do SUS nos municípios

 

 

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