18/11/2024
18/11/2024 17h42
Por Lívia Palmieri - assessoria de comunicação do Conasems
Profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) de municípios de todo o Brasil que atuam com vacinação estão reunidos em Brasília (DF) para a II Oficina Nacional do Projeto ImunizaSUS. O evento, que teve início nesta segunda-feira (18/11), marca o encerramento da iniciativa promovida pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) cujo objetivo é fortalecer as ações de imunização nos territórios.
A programação começou com o compartilhamento de experiências exitosas. Segundo Flávio Álvares, assessor técnico do Conasems e um dos coordenadores do projeto ImunizaSUS, mais de 320 iniciativas foram apresentadas ao longo do primeiro dia. “Foi um processo de seleção entre 800 experiências apontadas pelos Cosems de todos os estados, e hoje a gente propôs este grande diálogo, um processo que culmina no dia 20 (quarta-feira), com a premiação”, adiantou Álvares.
ImunizaSUS: saiba como orientar-se e acompanhar a programação do evento
Entre os destaques está a implantação do Sistema de Informação em Insumos Estratégicos (Sies) nas salas de vacinas de São Benedito/CE. Localizado a 320 km de Fortaleza, o município, com pouco menos de 45 mil habitantes, conseguiu otimizar o controle de estoque e garantir uma distribuição equânime de imunobiológicos e insumos.
De acordo com Dieyme Costa, coordenadora do programa de imunização nos últimos quatro anos, o Sies possibilitou que as vacinas chegassem às salas de imunização em tempo hábil. Com o Sies instalado em 100% das salas de vacina, o que antes era feito manualmente, agora é completamente informatizado. “O que nos permitiu receber os insumos da regional de saúde e passar em tempo real para as salas de vacina”, disse Dieyme. “Hoje, eu consigo ver o estoque que eu tenho apenas com o clique no Sies”, afirma.
Toda essa informatização, com planejamento e organização, permitiu que o município fizesse a vacina chegar em tempo oportuno nas salas. “Com isso minimizamos as perdas vacinais. Um controle rigoroso da nossa rede de estoque, nos permitiu, inclusive, recusar o que eu não estou precisando porque eu tenho o meu estoque em tempo real. Com isso, eu evito o desperdício de vacinas, algo que é tão caro e tão importante para a saúde da população de nosso país.”
Outro exemplo apresentado foi o projeto Proteção em Dobro, desenvolvido pelo município de Afonso Cláudio (ES) para otimizar a vacinação de idosos contra o tétano. A enfermeira Emily Almeida Tonoli explicou que a estratégia foi associar essa imunização à Campanha Nacional de Vacinação Contra a Influenza de 2024. “Nós oferecemos a vacina contra tétano durante a campanha. Com isso, a gente percebeu que muitos idosos não tinham registro de vacina de rotina”, relatou.
O projeto surgiu após a morte de uma idosa por tétano acidental, em 2022. “Isso acendeu uma luz de preocupação que a gente precisava mudar essa realidade no nosso município. Hoje, aproximadamente 16% da nossa população é idosa”, complementou Emily.
Em Itaberaí (GO), a experiência com telemonitoramento foi fundamental para alcançar a população hesitante. Segundo o secretário de saúde do município, muitos indivíduos ficaram sem acesso às vacinas por falta de informação ou devido à disseminação de fake news.
“A gente se sente vencedor. Goiás tem 246 municípios e foram selecionados 13; só de estar entre esses 13 já me sinto um vencedor, eu e minha equipe. Sinto que a gente está no caminho certo e a gente quer fazer mais, quer inscrever mais coisa, quer entregar mais. Acho que esse é o sentindo: fazer para entregar para a população”, concluiu.
Para Alice Werneck, pesquisadora do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon – UFMG), as experiências apresentadas estão alinhadas aos principais desafios apontados pela Pesquisa Nacional sobre a Cobertura Vacinal desenvolvida pelo projeto. Ela mencionou desafios relacionados a registro, aos sistemas de informação, e estratégias relacionadas à educação em saúde.
“Foi possível ver também várias estratégias apresentadas hoje trabalhando com educação permanente em saúde, que é essencial nesse processo. Tanto os profissionais das salas de vacina, especificamente, quanto os da atenção primária, tem que estar sempre discutindo seus processos de trabalho para se organizarem e atenderem melhor a população”, comentou.
As atividades da II Oficina Nacional do Projeto ImunizaSUS continuam na terça (19/11) e quarta-feira (20/11) e parte da programação será transmitida ao vivo nos canais do Conasems. Acesse aqui e saiba mais.