06/12/2010
CURITIBA: Aleitamento materno é maior entre bebês do SUS
06/12/2010 16h45 - Atualizada em 06/12/2010 16h45
Por bravvo
As informações estão nas conclusões da 7ª Chamada Nutricional de Curitiba – estudo amostral realizado pela Coordenação de Alimentação e Nutricional da Secretaria Municipal da Saúde na campanha de vacinação infantil desse ano.
A 7ª Chamada Nutricional avaliou 6.677 das 127.978 crianças menores de 5 anos vacinadas nas unidades municipais de saúde e apontou que o aleitamento materno subiu de 81,03%, no quadriênio 2002-2006, para 82,64%. Foram avaliados 1.960 eram menores de 2 anos. Os instrumentos usados foram um questionário para pais e responsáveis e a aferição de peso e altura.
“É um dado muito positivo porque reflete a ênfase que damos à amamentação desde o pré-natal e o puerpério, passando pelo Programa do Lactente e pelos centros de educação infantil da Prefeitura”, observa a coordenadora de Vigilância Nutricional do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde, nutricionista Anne Liz Zeghbi.
Incentivos – A Prefeitura mantém inúmeras estratégias de estímulo ao aleitamento materno e à alimentação balanceada. No pré-natal, as gestantes são informadas sobre a importância de amamentar nos encontros do programa Mãe Curitibana. Ela é essencial para a imunidade, o desenvolvimento dos ossos da face, ganho satisfatório de peso e prevenção da obesidade e vinculação afetiva. Nessa ocasião elas travam o primeiro contato com o Programa de Aleitamento Materno (Proama), que as orienta a preparar as mamas para alimentar o nenê. Em caso de dificuldade após o nascimento, podem acionar o serviço – por telefone ou pessoalmente – e pedir ajuda. O objetivo é que as mães não deixem de amamentar.
O mesmo reforço é dado pelos médicos e equipes de enfermagem durante o acompanhamento de rotina da criança. Eles também orientam sobre a introdução de alimentos como frutas, verduras, legumes e cereais a partir do sexto mês de vida, mantendo o aleitamento até os 2 anos. Já nos centros de educação infantil funciona o Mama Nenê, por meio do qual as mães podem ir até a escolinha amamentar seus filhos ou, na impossibilidade disso, encaminhar o próprio leite, acondicionado em frascos estéreis e conservados em geladeira.
O assunto alimentação infantil desde o aleitamento materno é um assunto tão importante para a rede municipal de saúde que é tema dos treinamentos periódicos oferecidos à equipe de enfermagem e, há 3 anos, ganhou uma publicação própria: a cartilha Alimentação infantil – orientação aos pais. Ela já foi distribuída em unidades de saúde e centros de educação infantil da Prefeitura. Em pouco mais de 80 páginas, ensina sobre a dieta adequada para cada fase da vida da criança até 10 anos.
Nas oficinas de nutrição dos núcleos de apoio em atenção primária à saúde (Naaps), predominantemente frequentadas por adultos, é forte a ênfase ao exemplo familiar para a boa alimentação das crianças e dos adolescentes. É comum mães e avós que comiam errado compartilhar à mesa os hábitos aprendidos nesses encontros. Essa abordagem também é levada aos escolares da rede pública, para provocar a reflexão sobre o assunto. E para evitar o consumo de doces, refrigerantes e itens ricos em gordura no lanche escolar, a Vigilância Sanitária faz o monitoramento do que é vendido nas cantinas escolares.
Epidemia – Apesar desse esforço e seguindo uma tendência mundial, as crianças curitibanas estão ficando mais gordinhas e preocupam as autoridades sanitárias. Do quadriênio 2002-2006 para cá, a taxa média de sobrepeso subiu de 5,16% para 6,84%. Atualmente ela é menor no Sistema Único de Saúde que na rede privada (6,24% contra 7,27%) mas mostra que o quadro não se resume à sensibilização de crianças, adolescentes e seus responsáveis sobre a relação entre hábitos alimentares e doenças crônicas como diabete e hipertensão arterial.
É o que contrapõe a também nutricionista Ângela Lucas de Oliveira, responsável pela coordenação de Alimentação e Nutrição do Centro de Informação da Secretaria Municipal da Saúde.
“Não podemos analisar esse resultado somente do ponto de vista da alimentação. Claro que ela é importante, mas não podemos deixar de lado fatores sociais que contribuem para o crescimento”, observa Ângela. Entre eles estão o sedentarismo facilitado pela TV e pelo computador, o confinamento em espaços domésticos que – diferente do passado – restringem jogos e brincadeiras e o receio de permitir que os filhos brinquem na rua.
O estudo mostra, ainda, outro aspecto da transição nutricional observada em todo o mundo: a queda do baixo peso. Em Curitiba ele caiu de 2,37% para 1,51% entre as crianças menores de 5 anos mas é maior entre a clientela SUS (1,84%) do que na rede privada de atenção à saúde (1,14%). Há 10 anos o indicador se situava na faixa de 3,5%. Acesso satisfatório aos serviços de saúde, bom nível de escolaridade e melhora do pode aquisitivo familiar ajudam a explicar o resultado.
Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Curitiba