Apesar de contar com um volume de investimentos menor, o programa de Medicina de Família brasileiro é mais eficiente que o do Reino Unido, em termos de indicadores epidemiológicos. A análise é do médico Matthew Harris, especialista na área e professor assistente de Saúde Pública da Imperial College de Londres, e foi feita nesta segunda-feira (6), no encerramento do 2º Congresso Sul Brasileiro de Saúde da Família. A secretária municipal da Saúde, Eliane Chomatas, participou do evento.

Em Curitiba, por exemplo, são oito consultas de pré-natal contra quatro na Inglaterra. Já o Brasil como um todo aplica US$ 50 por paciente/ano contra R$ 2,3 mil do Reino Unido. Harris declarou-se “especialmente impressionado” com a estrutura dessa estratégia de atendimento em saúde pública em Curitiba.

“O nível de desenvolvimento é fantástico e isso abrange a estrutura dos prédios (unidades de saúde), a informatização dos procedimentos (prontuário eletrônico) e a energia e solidariedade que emana das equipes”, resumiu o especialista londrino, com a autoridade de quem prestou exame de equivalência para poder exercer a medicina no Brasil e passou três anos atendendo à população da cidade pernambucana de Camaragibe. “As autoridades sanitárias estão de parabéns”, disse.

Comparando a experiência e o conhecimento sobre a Medicina de Família no Brasil, Matthew Harris afirmou que as diferenças podem ser reduzidas por meio da organização dos municípios. “O sistema é padronizado em sua essência para todo o País mas, na prática, apresenta grandes diferenças motivadas pela ênfase que os governos locais dão ao sistema”, observou. “Mesmo assim, ele é superior ao modo como trabalhamos em Londres, onde a especialização é muito valorizada em detrimento da Saúde da Família, capaz de atuar mais eficazmente quando o assunto é prevenção”, completou.

O médico londrino sugeriu que Curitiba amplie o intercâmbio de profissionais de saúde brasileiros e estrangeiros para verificar as bases do seu sistema, que abrange 55 das 108 unidades de atenção primária e garante cobertura de saúde a quase 34% dos 1,8 milhão de habitantes da cidade. Para melhorar o padrão de atendimento no país, acredita que as universidades devem investir na formação profissional, tornando a especialização mais atraente para um número maior de futuros médicos. A Medicina de Família é uma especialidade acadêmica, cursada quando os estudantes terminam a graduação.

Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Curitiba (PR)