05/12/2019
16ª Expoepi discute desafios da vigilância, prevenção e controle das arboviroses
05/12/2019 16h03 - Atualizada em 05/12/2019 16h03
Durante a programação desta quinta-feira (5) da Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (16ª Expoepi), o presidente do Conasems, Wilames Freire, coordenou o painel temático “Vigilância, prevenção e controle das arboviroses: um desafio global” com a participação de representantes da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), OPAS, Fiocruz BA e Fiocruz MG.
Wilames enfatizou a importância do evento e dos debates qualificados. “É um desafio nacional, enfrentamos esse problema há mais de 30 anos e estamos perdendo a batalha.” Ele também destacou o papel dos municípios no combate ao aedes. “As ações de vigilância são basicamente sustentadas pelo município. A União cobre somente de 8% a 30% do custo total investido. São necessárias políticas que fortaleçam os municípios nessa atuação”.
Wilames Freire, presidente do Conasems, coordena painel de debate
O presidente do Conasems citou o Projeto Aedes na Mira, que tem como foco a capacitação de profissionais da Vigilância que trabalham diretamente na ponta, com ênfase na integração com a Atenção Básica. “Já temos 18.562 alunos capacitados, 1.617 projetos de intervenção desenvolvidos durante as capacitações e 300 projetos selecionados para a Mostra Nacional do Projeto Aedes na Mira, que aconteceu este ano”.
Giovanini Coelho, da OPAS, apresentou a palestra “Arboviroses nas Américas: cenários epidemiológicos e desafios”. Coelho comentou sobre a proporção de dengue grave nas Américas. “O Brasil, mesmo tendo uma alta incidência de casos graves, conseguiu obter a meta que foi estabelecida”. Segundo ele, o controle ao vetor é complexo e permeia várias dimensões – individual, sócio ambiental e serviços de saúde. “Existem problemas como a dificuldade de monitoramento e da diversidade da realidade de cada município”. Ele também comentou sobre as novas tecnologias “Os gestores devem ter cuidado ao implantar novas tecnologias e se questionar: essa estratégia será eficiente para a minha área? É segura? Minha equipe está capacitada para executá-la?”
O pesquisador da Fiocruz MG, Luciano Moreira, apresentou o Wolbachia como estratégia para o controle das arboviroses. “Essa tecnologia teve início na Austrália e hoje é usada em mais de 12 países. A Wolbachia é uma bactéria que infecta insetos, ela foi retirada da mosca da fruta e introduzida nos ovos de aedes, implantamos nos mosquitos e soltamos no meio ambiente para se disseminarem. A bactéria confere uma possibilidade muito significativa na diminuição da transmissão de doenças”
Já o representante da Fiocruz BA, Luiz Carlos Alcântara, falou sobre “Vigilância genômica dos arboviroses no Brasil: resultados do projeto ZIBRA”, apresentando a nova tecnologia de um sequenciador sobre o vírus Zika. “Mapeamos o genoma completo, foi uma importante ferramenta para a fase crítica da doença, com auxílio das pesquisas, descobrimos que o vírus ancestral se transformou em outros dois. A partir dos dados a gente também consegue ver as possibilidades de novos surtos”.
Representante da SVS, Rodrigo Said, destaca as principais tecnologias de combate ao Aedes
O representante da SVS, Rodrigo Said, apresentou a estratégia “Vigiarbo”. Até o momento, são sete subprojetos em andamento: mosquitos infectados pela bactéria Wolbachia; mapeamento de áreas de risco de doença transmitidas pelo Aedes aegypti (Arboalvo); esterilização de mosquitos utilizando a radiação para tornar o Aedes aegypti estéril (Projeto Inseto Estéril); rede de pesquisas para avaliação da doença chikungunya no Brasil (Replick); controle de vetores por meio das redes sociais (Observatório Dengue); e ações de controle de doenças e mobilização da população (Ecobiosocial). Said também destacou o Projeto Aedes na Mira, convênio do Conasems com Ministério da Saúde, que está promovendo a formação de profissionais. “A partir dessas capacitações as equipes nos municípios estarão mais preparadas para implantação de novas tecnologias no combate ao aedes”.
Municípios destaques no monitoramento de doenças são premiados
Na cerimônia de abertura da 16ª Expoepi, Wilames Freire, presidente do Conasems, parabenizou as experiências exitosas premiadas “É extremamente importante reconhecer o trabalho de quem está na ponta levando saúde a população mesmo com tantas dificuldades. Assim como o Conasems, que há 16 anos promove a Mostra Brasil, aqui tem SUS, e esse ano promoveu também a Mostra do Projeto Aedes na Mira com a apresentação de 300 projetos voltados ao combate integrado das arboviroses, a Expoepi também se consolidou como esse espaço de valorização do profissional de saúde e das experiências exitosas nos territórios municipais”.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, premiou “Municípios Destaque em Vigilância em Saúde”. São cidades que conseguiram melhorar seus indicadores de saúde, como redução dos casos de sífilis em crianças menores de 1 ano e aumento da cura de casos de tuberculose. A premiação ocorreu nesta quarta quarta-feira (4), em Brasília (DF), durante abertura da 16ª Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi).
“O SUS, embora tenhamos que reconhecer alguns para dar luz ao trabalho, é um todo. As experiências que vemos andando esse país afora, por mais assimétrico, por mais difícil, por mais que muitas vezes encontramos falhas, jamais, em nenhum município brasileiro, deixei de encontrar alguém da saúde do SUS com o brilho nos olhos tentando, buscando apoio das secretarias estaduais e do Ministério que muitas vezes fica distante e que está procurando ter muito mais Brasil e muito menos Brasília para que o nosso SUS possa florescer”, destacou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Ao todo, o Ministério da Saúde premiou 15 municípios que apresentaram indicadores favoráveis nos sistemas de informação nacionais relacionados à vigilância de saúde, no período entre 2015 e 2017. Também foram consideradas as cidades que aderiram ao Programa de Qualificação das Ações de Vigilância em Saúde, de acordo com porte populacional e macrorregião. Os municípios que receberam o troféu chamado Lupa Dourada foram: Mondaí (SC), Carlos Barbosa (RS), Brusque (SC), Presidente Olegário (MG), Campos do Jordão (SP), Bragança Paulista (SP), Paraíso das Águas (MS), Nova Mutum (MT), Corumbá (MS), Governador Jorge Teixeira (RO), São Miguel do Guaporé (RO), Ariquemes (RO), Gurjão (PB), Parambu (CE), e Campina Grande (PB).
Certificação de Eliminação da Transmissão Vertical do HIV
Foi entregue durante a cerimônia, a Certificação de Eliminação da Transmissão Vertical do HIV (mãe para o bebê) para o município de São Paulo, o que coloca a capital paulista, com 12,1 milhões de habitantes, como a cidade com a maior população no mundo a receber tal título. O município de Curitiba foi o primeiro a ser certificado no ano de 2017, e o de Umuarama, noroeste do Paraná, em 2018. O Brasil é signatário do compromisso mundial de eliminar a transmissão vertical do HIV e optou por adotar uma estratégia gradativa de certificação de municípios.
Ainda durante a abertura da Expoepi, o ministro da Saúde entregou para o município de São Paulo a Certificação de Eliminação da Transmissão Vertical de HIV. Com 12,1 milhões de habitantes, São Paulo é a cidade com maior população do mundo a receber tal título. Além de São Paulo, outros dois municípios brasileiros já receberam a Certificação de Eliminação da Transmissão Vertical de HIV, quando o vírus é transmitido durante a gestação, o parto e a amamentação: Curitiba, em 2017, e Umuarama, em 2019.
O Brasil é signatário do compromisso mundial de eliminar a transmissão vertical do HIV e optou por adotar uma estratégia gradativa de certificação de municípios. A eliminação da transmissão vertical do HIV é uma das seis prioridades do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI), da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. A certificação possibilita a verificação da qualidade da assistência ao pré-natal, do parto, puerpério e acompanhamento da criança e do fortalecimento das intervenções preventivas.
Com informações da Agência Saúde
Veja aqui a programação completa da 16ª Expoepi.
Confira fotos da cerimônia de abertura e premiação.