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22/06/2023

6ª Oficina Temática do ImunizaSUS discute gestão de insumos e cadeia de frio do PNI

22/06/2023 10h42

Nesta terça-feira (20/06), aconteceu a 6ª Oficina Temática do projeto ImunizaSUS. No sexto encontro do projeto, o tema central das mesas de debate foi “Desafios da Gestão de Insumos e Cadeia de Frio do Programa Nacional de Imunizações.”

Na mesa de abertura da oficina, estavam Hisham Hamida, diretor financeiro do Conasems, Fabíola Lucchesi Rocha, representando o Conselho Nacional de Saúde, Flávia Cardoso, representando a OPAS/OMS, Nereu Henrique Mansano, representante do Conass, Ricardo Gadelha, da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, e Eder Gatti, do Programa Nacional de Imunização e Secretaria de Vigilância em Saúde, ambos do Ministério da Saúde.

Na primeira mesa do dia, o tema foi “O Contexto e Perspectivas para Assegurar a Qualidade dos Imunobiológicos na Cadeia de Frio” e teve moderação de Leopoldina Cipriano Feitosa, presidente do Cosems-PI, secretária municipal de saúde de Miguel Alves-PI e diretora do Conasems.

Thayssa Neiva da Fonseca Victor, coordenadora-Geral de Gestão de Insumos e Rede de Frio do Departamento de Imunização e Doenças Imunopreveníveis (DPNI/SVSA/MS), explicou a complexidade da gestão da rede de frio do SUS que, atualmente, conta com 50 imunobiológicos entre vacinas, soros heterólogos e homólogos.

Ela apresentou as principais razões para as excursões de temperatura das vacinas contra Covid-19, tendo sido a falta de energia e problemas no local de armazenamento as de maiores incidências, com 28% e 23%, simultaneamente. Problemas com refrigeradores, geradores, transporte, procedimentos impróprios e razões diversas completam a lista.

Thayssa defendeu que haja uma maior capacitação dos profissionais, uma vez que está diretamente relacionada com processos de trabalho e, consequentemente, com o resultado, influenciando na qualidade dos serviços prestados pela cadeia de frio.

Ricardo Gadelha, coordenador de Apoio à Imunização e Monitoramento das Coberturas Vacinais na Atenção Primária e do Departamento de Saúde da Família e Comunidade (SAPS/MS), afirmou que “temos um Brasil com 5.570 realidades distintas e que dentro de cada município, existem outras realidades que precisam ser levadas em consideração”.

Gadelha afirmou que o grande desafio da coordenação está no monitoramento das coberturas vacinais e que a saída para esse cenário é por meio de um trabalho conjunto entre união, estado e município. Caso contrário, a sensação é de que “sempre estamos começando do zero”. Ele parabenizou ainda o Conasems pelo painel de Indicadores de Imunização, disponível para consulta no portal do conselho.

Para acessar o Painel de Indicadores de Imunização, clique aqui

Nereu Henrique Mansano, assessor técnico do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), afirmou que existe a necessidade de se investir em um complexo industrial no Brasil para que o país seja autossuficiente e não dependa mais de compras feitas no exterior.

Ele explicou que existem diversos problemas na logística dos imunobiológicos e que é necessário fazer um monitoramento mais preciso da temperatura das vacinas em toda cadeia, com uma preocupação “não apenas na distribuição de vacinas, mas na qualidade da distribuição”.

Parâmetros para o planejamento de redes logísticas de vacina

Conduzida por Alessandro Chagas, assessor técnico do Conasems, a segunda mesa da 6ª Oficina Temática do ImunizaSUS, realizada ainda na manhã de terça, teve como tema os “Parâmetros para o planejamento de redes logísticas de vacina”.

Lásara Fabrícia Rodrigues, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), teceu uma crítica a respeito da resolutividade de problemas estratégicos pelas instâncias operacionais e que, “por mais que sejam três entes [União, estado e município] que tenham que trabalhar em conjunto, a rede de vacinação é uma só, então ela precisa funcionar de forma integrada”.

A pesquisadora defende que, para planejar redes logísticas de vacina, é preciso entender o contexto dos problemas, com suas variáveis e restrições, avaliar o método mais adequado para aplicar na resolução do problema, buscar soluções inovadoras aliando conhecimento dos problemas e dos métodos de solução.

Alice Werneck Massote, pesquisadora do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon) da Faculdade de Medicina da UFMG, apresentou a “Pesquisa nacional sobre cobertura vacinal, seus múltiplos determinantes e as ações de imunização nos territórios municipais brasileiros” feita sob demanda do Conasems.

A pesquisa teve como objetivo analisar a atual situação e identificar os principais desafios à efetividade da política e das ações de imunização nos territórios municipais a nível nacional, investigando a queda das coberturas vacinais e seus determinantes, com ênfase na hesitação vacinal.

Os resultados foram analisados de forma qualitativa e quantitativa, com elaborações a nível estadual e municipal: por exemplo, mais de 15% dos municípios afirmaram ter, com muita frequência, problemas relacionados à Rede de Frio, percentual que chegou a 23% na Região Norte e 20% na Região Centro-Oeste 

Desafios e práticas de estados e municípios na rede de frio descentralizada

Com mediação de Daisson Trevisol, presidente do Cosems-SC, secretário municipal de saúde de Tubarão-SC e diretor do Conasems, a terceira e última mesa do dia debateu os “Desafios e práticas de estados e municípios na Rede de Frio Descentralizada.”

Tereza Luiza Pereira, farmacêutica e gerente da Rede de Frio do Governo do Distrito Federal (SES-DF), apresentou os Desafios e práticas de estados e municípios na rede de frio descentralizada. A farmacêutica defendeu que a rede de frio precisa evoluir em consonância com o crescimento da complexidade do PNI.

Na sua defesa aos investimentos na rede de frio, Tereza apresentou a redução de gastos oriundos da perda de imunobiológicos: em 2019, quando a rede de frio do DF dispunha apenas de geladeiras domésticas, o prejuízo com perda de imunobiológicos ultrapassou os R$ 370 mil; em 2020, com a implantação de câmaras frias em complemento às geladeiras domésticas, o prejuízo foi de R$ 143 mil; em junho daquele mesmo ano, todos os serviços de vacinação da atenção primária do DF passaram a operar com câmaras frias; em 2021, o prejuízo caiu para R$ 46,7 mil.

Tereza afirmou também que um programa nacional de imunização eficiente passa diretamente pela capacitação dos profissionais da área.

Cléia Soares Martins, subgerente do programa estadual de Imunização do Amazonas (SES-AM), fez uma exposição tratando do centro de distribuição de imunobiológicos do estado.

Entre limitações em relação às ações de imunização apresentadas pela subgerentes no Amazonas, estão a dificuldade de logística de transporte, o fato de algumas localidades apresentarem pouco ou nenhum sinal de internet, a distância de algumas comunidades, problemas de repasse de dados para os sistemas de informação e a rotatividade de recursos humanos.

Maria Cristina, coordenadora técnica do Cosems de Santa Catarina, destacou que a oscilação térmica e dificuldades logísticas também são questões em estados menos, trazendo prejuízos à implementação de uma política eficiente de imunização: Santa Catarina marcou 27ºC e - 7ºC em diferentes municípios na mesma semana.

Dieyme Costa, coordenadora de Imunização do município de São Benedito-CE, trouxe a experiência do município cearense localizado a 316km de Fortaleza, com o recorte temporal de 2021 a 2023. Ela afirmou que a manutenção adequada da rede de frio é fator essencial para que se alcance o objetivo das metas de imunização

Durante a pandemia da Covid-19, ela contou que, o somatório das ações de descentralização da vacinação, a eficiência na atualização cadastral, a capacitação das equipes quanto aos sistemas de informação a busca ativa vacinal culminaram com todas as coberturas acima de 95% em 2022 no município. “Chegamos a montar uma estrutura em uma quadra de colégio que chegou a bater mil, duas mil pessoas vacinadas por dia”, recordou.

“Precisamos fortalecer o que temos, focando na qualidade do armazenamento e distribuição dos imunobiológicos, na qualidade dos dados coletados, garantindo a nível local a captação, o registro correto e o monitoramento dos dados dos vacinados, assegurando a qualidade e fidedignidade no indicador, realizando monitoramento e avaliação por meio da vigilância das coberturas vacinais, finalizando com a busca ativa vacinal e vacinação”, explicou Dieyme.

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