17/11/2023
10ª Oficina Temática do ImunizaSUS discute a integração entre a Vigilância em Saúde e a Atenção Básica
17/11/2023 16h45
Na manhã desta quinta-feira (16/11), foi realizada a 10ª e última Oficina Temática do ImunizaSUS de 2023. Com o tema "A Integração entre a Vigilância em Saúde e a Atenção Básica - O Cuidado Integrado na perspectiva da Imunização", a atividade aconteceu em meio às atividades do Congresso Sul, Sudeste e Centro-Oeste de Secretarias Municipais de Saúde, sediado em Florianópolis-SC, entre os dias 16 e 18 de novembro.
Na abertura da mesa, o presidente do Conasems, Hisham Hamida, destacou a importância o tema da décima edição das oficinas temáticas do projeto. "O ImunizaSUS tem feito a diferença. Nós iniciamos esse programa durante a pandemia, e foi muito desafiador levá-lo adiante e disseminar essa capacitação que envolve muita pesquisa, culmina na realização desses encontros e nos ajuda a entender o que nós podemos fazer para melhorar a situação do nosso país", comentou.
A moderação da mesa ficou por conta de Josiane de Oliveira Silva Corrêa, diretora do Conasems, presidente do Cosems/MS e secretária municipal de saúde de Vicentina-MS.
Assista ao vídeo produzido pelo canal Mais Conasems sobre a 10ª Oficina do ImunizaSUS de 2023:
Fizeram parte do debate Ricardo Gadelha de Abreu, Coordenador de Apoio à Imunização e Monitoramento das Coberturas Vacinais na Atenção Primária - Departamento de Saúde da Família e Comunidade (SAPS/MS), Samuel Araújo Silva, pesquisador do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Minas Gerais (NESCON/UFMG), Eder Gatti Fernandes, diretor do Departamento de Imunização e Doenças Imunopreveníveis do Ministério da Saúde, e Andréa Paula Bruno Von Zuben, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas–SP.
Ricardo Gadelha, representando a SAPS/MS, defendeu que, para que haja uma integração efetiva entre as áreas da saúde temas da oficina, com melhorias significativas na vacinação do país, é necessária uma priorização técnica e política.
"Como vamos integrar de fato esses setores? Como vamos fazê-los parte do mesmo corpo? Nós precisamos priorizar, não apenas tecnicamente, mas é preciso também haver uma vontade política para mudar o cenário da imunização. É preciso conhecer de fato o nosso território e voltar a fazer aquilo que fazíamos há 20, 30 anos, conhecer a nossa população, algo como aquilo que a SESAI (Secretaria de Saúde Indígena) faz com a população, sabendo até o número do sapato das pessoas", afirmou.
Na sequência, Samuel Araújo Silva, representando o NESCON/UFMG, apresentou mais um desdobramento da pesquisa demandada pelo Conasems sobre cobertura vacinal no Brasil: "A relação entre a vigilância epidemiológica e a atenção primária no planejamento e execução das ações de imunização nos municípios brasileiros".
Segundo o trabalho, "entre as dificuldades levantadas no registro das vacinas, fica evidente que, apesar da integração dos serviços de atenção primária e a vigilância serem os pilares para a imunização, nem sempre há um fluxo de informações e comunicação entre essas duas áreas".
Por exemplo, existem municípios sem internet e sem rede montada do e-SUS nas unidades de saúde, algo que faz com que os registros sejam feitos manualmente e posteriormente digitados. Há também situações nas quais as vacinas de rotina são registradas em sistema próprio ou em planilhas, deixando para os responsáveis pela vigilância epidemiológica do município o trabalho de lançar esses registros manualmente no sistema no dia seguinte.
Mais adiante, Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunização (PNI), explicou que, para que haja uma integração entre a Vigilância em Saúde e a Atenção Básica, é preciso que seja feito um mapeamento de vulnerabilidades, que a epidemiologia seja usada como ferramenta, que sejam identificados os principais problemas de saúde do território e que seja feito o planejamento, a execução e a avaliação de ações em saúde.
"A Vigilância precisa também contribuir com a Atenção Primária trazendo inteligência, ou seja, análises, tem que ser direcionado. Nesse aspecto, a Vigilância tem muito a contribuir com a AP, inclusive na imunização. As duas trabalhando juntas vão identificar problemas e encontrar soluções a níveis de território", comentou.
Eder explicou também que é preciso que haja uma integração entre as áreas também em sistemas de informação para que avanços aconteçam no SUS. "Hoje, nós temos um desafio muito grande que é levar os dados de imunização para a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDES). Ou seja, precisamos fazer uma discussão que envolve não apenas a Vigilância, mas também a AP e a Secretária de Informação e Saúde Digital. Temos muita informação retida. Não perdida, retida", afirmou.
Por fim, Andréa Paula, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas–SP, destrinchou um plano de dez passos para ampliação de cobertura vacinal em ações integradas: sala de vacina aberta; queda de barreiras de acesso; garantir oportunidade vacinal; monitorar cobertura vacinal; registro adequado; atualização do calendário vacinal; combate a fake news; intensificar vacinas nos surtos; vacinas disponíveis; e profissionais treinados.
Ao citar a vacinação infantil, ela defendeu a realização de cruzamento de dados para busca ativa nominal das crianças com vacinas em atraso (banco de vacinados X banco de usuários) e busca ativa nominal de crianças faltosas nas escolas municipais. Já no eixo da manutenção da população orientada sobre calendário de vacinação, foi destacada a importância da participação de representante da Unidade de Saúde nas reuniões de pais nas escolas, por exemplo.
Veja a galeria de fotos da 10ª Oficina Temática do ImunizaSUS de 2023 (créditos: Mateus Vidigal/CONASEMS):